Intervenção no espaço da antiga linha férrea revirou a cidade
As obras de requalificação do espaço liberto pelo enterramento da linha férrea, em Espinho, já começaram e deverão prolongar- -se por cerca de dois anos. Muitos dos comerciantes temem, entretanto, a morte dos negócios.
Quase um ano passado após a entrada em funcionamento da nova estação de caminho-de-ferro de Espinho e do túnel, o espaço à superfície liberto pelo enterramento da linha começa, agora, a ser palco das obras de requalificação.
Já foram feitas terraplanagens na zona do antigo pontão, na entrada norte da cidade, bem como as sondagens ao terreno necessárias para a construção de uma ponte sobre o rio Largo.
Segundo a Câmara, seguir-se-á a intervenção na Rua 8, a nascente do antigo canal ferroviário. Prevê-se que dentro de dois anos a obra fique completa e que a visão dos arquitectos Rui Lacerda, Patxi Mangado e Álvaro Rocha, os vencedores do concurso de ideias, seja uma realidade.
Cépticos continuam, porém, os comerciantes das imediações. Clélia Correia é uma delas."Acho que, no fim, este espaço vai ser uma mais-valia para a cidade, mas ninguém me convence que serão só dois anos de obras. Até porque sei de fonte segura que será muito mais. Não acredito que isto fique em pleno em menos de dez anos", afirmou, não sem alguma amargura por ter visto os pais obrigados a fechar as portas de quatro lojas situadas junto à nova estação e a abrir uma outra junto à igreja matriz.
"A zona continua completamente morta, apesar da nova estação já estar a funcionar há quase um ano. Como se já não bastasse a crise, a cidade não consegue atrair gente e dinheiro. Mas compreende-se: o aspecto de toda esta zona é horrível", lamenta Clélia.
Lurdes Marques, comerciante com loja aberta no Centro Comercial Solverde 2, frente ao espaço antes ocupado pela linha, é da mesma opinião. "À noite, que era sempre um corrupio de gente, não se vê ninguém a partir das nove horas, muito por causa da fraca iluminação do espaço onde vai ser feita a obra. As pessoas têm medo de andar por aqui", criticou.
Luís Carvalho, da Associação de Concessionários de Praia e Bares da Zona Norte, ele próprio concessionário de um bar em Espinho, acredita, por seu lado, que depois de todo o sacrifício, a cidade vai tornar-se muito atractiva. "No fim, tenho a certeza que haverá muitos interessados em vir a Espinho e até em investir na cidade", disse, esperançado.
Até lá, Espinho deverá ver surgir na grande área de intervenção, compreendida entre as ruas 15 e 35, diversos largos e praças. Partindo de norte, frente ao Centro Comercial Solverde 1, nascerá o novo Largo do Marquês da Graciosa com diversos elementos escultóricos de homenagem a figuras das artes que passaram por Espinho.
Seguir-se-á a Praça do Casino, um espaço predominantemente pedonal marcado pelo verde e por espelhos de água. Mais a sul, surgirá a Praça da Senhora da Ajuda, frente à capela, onde se destacará um coreto contemporâneo e um posto de turismo, duas obras que a Câmara já assumiu.
Frente à antiga fábrica Progresso, hoje transformada em bloco de apartamentos, situar-se-á uma praça com o mesmo nome, local de equipamentos lúdicos e espaços infantis. Ao longo de grande parte do espaço poderão surgir equipamentos como cafés e restaurantes que terão ainda de ser objecto de concursos públicos de construção e concessão.
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