terça-feira, 21 de agosto de 2018

ENTREVISTA Pedro Hubert Presidente do Instituto de Apoio ao Jogador




ENTREVISTA  Pedro Hubert   Presidente do Instituto  de Apoio ao Jogador




“Pedir exclusão deve ser o mais fácil possível”

Há anos que Pedro Hubert acompanha de perto, através do Instituto de Apoio ao Jogador, a crescente apetência dos portugueses pelo jogo e o também crescente problema de dependência. Acredita que a lei do jogo online está bem formulada, mas aponta melhorias que devem ser introduzidas, agora que vai ser revista. Uma dessas alterações é o controlo da publicidade agressiva feita pelas empresas que exploram as licenças de jogo online.
O número de pessoas que pedem a auto exclusão de sites de jogos a dinheiro ou de casinos tem disparado. Porquê?
É um sinal dos tempos, da publicidade feita pelas empresas, da moda que é hoje o jogo, sobretudo o online, onde houve um enorme aumento dos pedidos de auto exclusão. A larga maioria das pessoas joga por recreação, mas uma minoria entra numa fase de abuso, na qual ainda retém algum controlo, ou de dependência, quando já perderam todo o controlo.
Que sinais indiciam um problema de jogo?
Para que haja um problema de jogo é precisa uma predisposição individual para a dependência e a concorrência de factores estruturais (o tipo e valor do prémio, a velocidade com que o prémio é dado, a frequência exigida, tudo isto são aditivos) e de factores situacionais: a forma como a legislação está construída, o facto de estar na moda, o marketing ou a publicidade.
De acordo com o SICAD [o Serviço de Intervenção nos Comportamentos Aditivos e nas Dependências], só 1,2% da população adulta tem um problema de abuso e 0,6% tem um problema de dependência. É difícil condicionar toda uma indústria por uma pequena minoria, mas essa minoria tem o direito a ser protegida. Mas todos os meus pacientes dizem que deve haver restrições à publicidade, não tanto na televisão, mas sobretudo online. Parece-me que todos os stakeholders (empresas, Estado, representantes dos jogadores) deviam sentar-se à mesa e discutir a questão.
A forma mais expedita de um jogador se auto excluir é preencher um formula-. rio num casino. Pedir a um viciado que vá a um local de jogo para se proteger não é um contra-senso?
Ter de ir a um casino é um contra-senso e eu recomendo que se vá com uma pessoa amiga, que ajude a resistir. Quem vive perto de Lisboa também o pode fazer directamente junto do Turismo de Portugal. O ideal é que os mecanismos para pedir a auto-exclusão sejam o. mais fáceis possível.. A.I.

Quem deve procurar ajuda e onde o pode fazer

Quem deve pedir ajuda?
O jogo, tal como o álcool, só por si não é um problema, acredita o Instituto de Apoio ao Jogador.
Mas há pessoas com predisposição para a dependência, devido a factor como a hereditariedade,a genética, a impulsividade ou crenças, ou por traços de personalidade, como ser competitivo, gostar de sensações fortes, aborrecer-se com facilidade. Abuso de álcool depressão ou ansiedade agravam a predisposição.

Perguntas para saber se tem problemas

Os Jogadores Anónimos compilaram uma lista de 20 perguntas: como se joga para se alhear dos problemas; se é incapaz de parar ou perde noção do tempo; se o jogo cria problemas familiares ou no trabalho; se há sinais de depressão. Responder afirmativamente a cinco perguntas indicia que tem um problema de jogo. A lista está em www.jogadoresanonimos.com.pt.
Pistas que a família pode seguir O Instituto de Apoio ao Jogador recomenda que as famílias estejam atentas a indícios, como, por exemplo, alguém levantar dinheiro sem justificação, andar sempre sem dinheiro ou fazer em préstimos sem razão aparente. Também são sinais ausências’ prolongadas sem razão, estar demasiado tempo ao computador, variações de humor ou de personalidade.
Onde pode procurar ajuda?
O Instituto de Apoio ao Jogador e os Jogadores Anónimos são duas das entidades que podem ajudar. O instituto funciona em Lisboa, mas tem uma linha de ajuda (968 230 998). Pode falar com os Jogadores Anónimos, através do número 919 449 917 ou procurar grupos de ajuda no Porto (Igreja do Cristo Rei), em Lisboa e Carcavelos ou pelo Skype (jogadoresanonimoslisboa).
Fonte: JN

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