Mulheres realizam cada vez mais animação e estão em maioria na competição do Cinanima
O número de mulheres a realizar filmes de animação está a aumentar e já representa 40,9% dos candidatos ao Cinanima, anunciou hoje a direção do festival, revelando que entre as obras em competição a assinatura feminina predomina.
André Ramada, coordenador de programação no certame internacional que decorre de sexta-feira até dia 16em Espinho, no distrito de Aveiro e Área Metropolitana do Porto, diz que a evolução tem sido gradual e consistente: em 2022 os filmes realizados por mulheres constituíram 33% das candidaturas ao festival, em 2023 passaram a ser 35%, em 2024 cresceram para 38% e este ano atingiram os 40,9% - o que, num total de 2.231 proponentes, representa 913 obras com realização feminina.
"A forte presença feminina na competição destaca-se neste Cinanima, visto que, em várias categorias, foram selecionados mais filmes realizados por mulheres do que por outros géneros", sintetiza o programador à Lusa.
Entre o total de filmes que concorreram à 49.a edição do festival, oriundos de 148 países, foram selecionados para competição 110 títulos e, desses finalistas, a maioria tem direção feminina, a título individual ou em parceria com outros realizadores.
Apenas em duas categorias as mulheres estão em desvantagem: na competição de longas-metragens, onde só uma das cinco obras concorrentes é assinada por uma realizadora, e na disputa do Jovem Cineasta até 18 .
Anos, que, entre 12 filmes, apresenta apenas um dirigido por uma rapariga, dois conduzidos por rapazes e os restantes supervisionados por coletivos escolares ou associativos que integram ambos os géneros, em número não discriminado pela organização do festival.
Na rubrica relativa ao Prémio António Gaio, que analisa exclusivamente filmes portugueses, há igualdade, com elas a realizarem quatro filmes em nome individual e eles a dirigirem outros tantos.
Já nos restantes círculos competitivos, o olhar feminino é o que predomina, seja a título autónomo ou em correalização: na categoria de curtas-metragens, que integra 30 filmes, elas assinam 18 a título individual e 2 em coautoria com outros cineastas; na disputa específica para estudantes de multimédia, elas realizam em nome próprio 12 das 23 obras a concurso e ainda dirigem mais duas em parceria; na rubrica Ali Aboard, entre 16 títulos a competir, elas são responsáveis por nove em nome individual e dois em dupla; e, no que se refere à secção para Jovem Cineasta entre 18 e 30 Anos, também com 16 filmes a concurso, seis deles têm realização feminina e sete têm direção que elas partilham com outras pessoas.
Essa crescente afirmação é transversal a diferentes cargos de chefia dentro do espetro da animação, já que, além de realizadoras, também há mais mulheres produtoras, o que significa que "agora são elas que
escolhem os projetos a concretizar, que decidem no que se vai investir e que definem quem vai ter uma nova oportunidade - e assim acabam por escolher mais mulheres também, financiando-as e dando-lhes no setor um espaço que antes não tinham".
Qualquer que seja a abordagem temática das obras que disso resultem ou o cargo profissional assumido
nesses projetos, o programador do Cinanima aprecia o que a visão feminina confere ao cinema animado:
"Quando uma mulher faz um filme com uma protagonista feminina, essa personagem tem sempre mais profundidade. Nos filmes de mulheres faz-se crítica nítida, mas consegue-se dar ao assunto um teor mais cómico, que ajuda a passar a mensagem.
Ou então acontece precisamente o oposto - mostra-se a raiva, o que também é bom de ver. Mulheres chateadas, revoltadas, furiosas dão sempre boas histórias".
Fonte : Lusa/Fim
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