quinta-feira, 10 de julho de 2008

Alteraçoes na zona da beira-mar







Depois de vários adiamentos, linha deve estar enterrada em Junho




Obra de rebaixamento da via-férrea no atravessamento da cidade de Espinho continua a dividir opiniões.



Arrancou em 2004 e tinha-se previsto que terminaria 2007, mas desacordos entre o empreiteiro responsável e a REFER levaram ao adiamento da data de conclusão para Junho de 2008.

 Desde o início que a obra de rebaixamento da via-férrea no atravessamento de Espinho esteve envolta em controvérsia e, a quatro meses de chegar ao prazo limite de conclusão, o panorama não mudou muito.

Ainda que tenha sido uma empreitada reclamada há décadas e os seus benefícios sejam amplamente proclamados pela Câmara de Espinho e pela REFER, nomeadamente ao nível da requalificação do meio urbano, do aumento da qualidade visual da paisagem associada e da redução do ruído com origem na circulação ferroviária, a verdade é que uma obra de tão elevada envergadura (o seu custo total é de 60 milhões de euros) implica inconvenientes que nem todos os espinhenses estão dispostos a aguentar.

Trata-se de uma obra de grande impacto que assenta na construção de um túnel de quase 1000 metros por onde passarão a circular comboios. 

O espaço da superfície será dedicado à implantação de duas praças destinadas ao lazer. 

A mais importante é a que vai ficar a Norte da estação e que se vai estender até junto do casino da cidade.

Segundo Rolando Sousa, vice-presidente da Câmara de Espinho, este espaço “é muito importante, pois corta a barreira que existia entre as pessoas que viviam junto ao mar e aquelas que viviam junto à linha”. 

A obra passa ainda pela criação de novos espaços de estacionamento e zonas verdes.

“Velocidade de cruzeiro”

“Esta empreitada, que está em curso já há alguns anos, está hoje em velocidade de cruzeiro e prevê-se que no final do mês de Maio, o comboio possa circular dentro do túnel. 

Naturalmente que ainda há mais obras a fazer”, esclarece Rolando Sousa.

Apesar das garantias, a alteração do prazo para a conclusão da obra foi algo que sempre intrigou os espinenhenses.

 O autarca justifica o atraso: 

“Foi o resultado de uma discussão bastante prolongada entre o empreiteiro e o dono da obra, que é a REFER, relativamente à dureza do maciço xistoso que existia no local”.

De acordo com Rolando Sousa, “foi necessária uma paragem da obra para se estudar a situação e tentar um consenso entre o empreiteiro e a REFER, o que aconteceu mais tarde”.

Questionado se se verificaram implicações em termos de custos financeiros por causa desse mesmo atraso, o político afirmou que “provavelmente houve um aumento substancial de custos para a REFER, mas para a Câmara de Espinho não. 

A verba continuou nos 20 milhões [um terço da totalidade], aspecto que decorria do protocolo”.



Obra contestada


O enterramento da linha motivou já várias manifestações por parte de agentes económicos e sociais da cidade, nomeadamente comerciantes e habitantes da Marinha de Silvalde. 

Os moradores temiam que o seu bairro se tornasse um gueto, devido à construção de um muro entre as partes norte e sul da cidade.

Para Rolando Sousa, “sempre que há as obras, há contestações”, mas defende que não cabe à autarquia “fazer qualquer tipo de cedências, pois a obra em si não é da câmara, mas sim da REFER. 

A autarquia procura, sim, conciliar os interesses da REFER com os dos habitantes”.

Rolando Sousa concordou ainda com as declarações do presidente da Câmara de Espinho, José Mota, segundo o qual o rebaixamento da via-férrea no atravessamento da cidade “é vital“, pelo que os seus inconvenientes são um mal necessário com vista a um bem maior.

FONTE : JPN  

 Filipa Castro Reis 





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