quinta-feira, 5 de setembro de 2024

Julgamento da 'Operação Vórtex' está a decorrer no tribunal de Espinho - Procuradora questiona Pessegueiro se "quanto queres em bifes ?

 


Procuradora questiona Pessegueiro se "quanto queres em bifes ? 


 Era código para dinheiro.

 Saiba o que disse

Os antigos presidentes de câmara são visados por corrupção passiva, enquanto o empresário Francisco Pessegueiro é acusado de ter corrompido os dois políticos e já assumiu que vai falar em tribunal e confessou que os outros arguidos "lhe pediram contrapartidas financeiras para agilizar projetos imobiliários e o respetivo licenciamento."

"Pode ser estranho tudo isto, mas eu não entreguei nada ao doutor Pinto Moreira. 

Não havia nada pendente entre mim e o doutor Pinto Moreira, não ganhei nada neste projeto", diz Pessegueiro sobre o encontro com Pinto Moreira logo após a conversa onde surgiu a questão "quanto queres em bifes".

O arguido está agora a ser confrontado com mensagens trocadas com Pinto Moreira onde combinaram o encontro no café.

O Ministério Público afirma que houve entrega do dinheiro, mas Pessegueiro refere não estar recordado, diz que possivelmente teria relacionado com trabalho.

"Não sei do que falamos, já em interrogatório fizeram esta pergunta e eu não sei", afirma. 

"Não me recordo sinceramente, a acusação descreve uma coisa que não corresponde à realidade. 

Não faz sentido eu ir entregar alguma coisa, fazer o transporte de dinheiro. Nunca na vida, palavra de honra que não", acrescenta. 

A procuradora mostra uma mensagem de outubro de 2020 onde Pessegueiro dizia a Malafaia:

 "Hoje, o patrão pediu adiantamento". 


Malafaia respondeu: 

"anda tudo ao mesmo". 

A procuradora pergunta:

 "Quem é o patrão?".

 Pessegueiro responde que é Pinto Moreira.

 No entanto, refere que ele não tinha pedido nada e que "era bluff" porque queria agilizar o negócio.

"Eu fazia muitas vezes bluff, fazer pressão. 

Usava o Dr. Pinto Moreira como a pessoa que me fazia pressão, mas isso não existia nesse momento. 

Foi só no final do ano", acrescenta. 

Mostram agora mensagem em que Pessegueiro e João Rodrigues gozavam com Pinto Moreira já como deputado. 

"Está de perinha, tipo conde", pode ler-se. 

Mandam ainda cifrões e dizem que o dinheiro faz milagres. 

Pessegueiro garante não saber de nada. 

Francisco Pessegueiro diz que só privava com Pinto Moreira nas reuniões da Câmara.

Questionado pelo advogado de Pinto Moreira, Francisco Pessegueiro diz que se encontrava várias vezes com o arguido na rua, quando ia tomar café ou comprar pão, mas que só privava com ele nas reuniões da Câmara. 

Questionado sobre que démarches podia Pinto Moreira fazer, Pessegueiro respondeu:

 "Era agilizar, movimentar projetos para não irem para a gaveta.

 Não acho que tenha feito, no meu entender, nada de ilícito"

Fonte CM























Julgamento Vórtex será retomado na sexta-feira com declarações de Pessegueiro


O julgamento do processo Vórtex, em que se investigam atos de corrupção envolvendo dois antigos presidentes da Câmara de Espinho, foi interrompido cerca das 17:00 e será retomado sexta-feira com a continuação do depoimento do arguido Francisco Pessegueiro.


O julgamento, que está a ser acompanhado presencialmente por dezenas de populares, começou esta manhã no Tribunal de Espinho, no distrito de Aveiro.

Durante a sessão da tarde, o empresário Francisco Pessegueiro reafirmou não ter entregado qualquer dinheiro ao ex-presidente da Câmara de Espinho, Pinto Moreira, como aquele lhe havia solicitado, tal como consta na acusação do Ministério Público (MP).

Quando confrontado com uma mensagem trocada com o empresário Paulo Malafaia, coarguido no processo, em que Pessegueiro diz que "hoje o patrão pediu adiantamento", o arguido admitiu ter usado o nome do então presidente da Câmara para pressionar Malafaia a concretizar um negócio que tinha consigo.

"Fazia muitas vezes 'bluff para criar pressão e utilizava o dr. Pinto Moreira como a pessoa que me estivesse a fazer pressão. Na boa verdade isso não existiu", afirmou.

O arguido disse ainda que, atualmente, não tem qualquer contacto com a empresa Construções Pessegueiro. 

"Tenho um círculo sanitário absoluto com a construtora. 

Não quero saber", vincou.

Além de Francisco Pessegueiro, houve mais dois arguidos que disseram que pretendem prestar declarações nesta fase do julgamento, nomeadamente o empresário Paulo Malafaia e o arquiteto João Paulo Rodrigues.

Já os ex-presidentes da Câmara de Espinho Miguel Reis e Pinto Moreira disseram que também querem falar em tribunal, mas apenas no momento que entenderem mais adequado.

Finalmente, os arguidos José Costa, Álvaro Duarte e Pedro Silva, que à época desempenhavam funções de chefe de divisão na autarquia, disseram que de momento não pretendem falar.

O processo "Vórtex" está relacionado com 'projetos imobiliários e respetivo licenciamento, respeitantes a edifícios multifamiliares e unidades hoteleiras, envolvendo interesses urbanísticos de dezenas de milhões de euros, tramitados em benefício de determinados operadores económicos".

A operação culminou em 10 de janeiro de 2023 com a detenção do então presidente da Câmara de Espinho, Miguel Reis (PS), o chefe da Divisão de Urbanismo e Ambiente daquela autarquia, um arquiteto e dois empresários por suspeitas de corrupção ativa e passiva, prevaricação, abuso de poderes e tráfico de influências.

Em 10 de julho do mesmo ano, o Ministério Público deduziu acusação contra oito arguidos e cinco empresas, incluindo dois ex-presidentes da Câmara de Espinho, Miguel Reis e Pinto Moreira, que também viria a ser constituído arguido no âmbito deste processo, após ter sido ouvido no Departamento de Investigação e Ação Penal Regional do Porto.

O primeiro está acusado de quatro crimes de corrupção passiva e cinco de prevaricação e o segundo responde por dois crimes de corrupção passiva, um de tráfico de influência e outro de violação das regras urbanísticas.

Já o empresário Francisco Pessegueiro foi acusado de oito crimes de corrupção ativa, um de tráfico de influência, cinco de prevaricação e dois de violação das regras urbanísticas.

Os empresários João Rodrigues e Paulo Malafaia, este último que se encontra detido à ordem do processo Babel, foram acusados de oito crimes de corrupção ativa, um de tráfico de influência, cinco de prevaricação e dois de violação das regras urbanísticas.

Já o empresário Francisco Pessegueiro foi acusado de oito crimes de corrupção ativa, um de tráfico de influência, cinco de prevaricação e dois de violação das regras urbanísticas.

Os empresários João Rodrigues e Paulo Malafaia, este último que se encontra detido à ordem do processo

Babel, foram acusados de oito crimes de corrupção ativa, um de tráfico de influência, cinco de prevaricação e dois de violação das regras urbanísticas.

Foram ainda acusados mais três arguidos, que à época desempenhavam funções de chefe de divisão na autarquia, e cinco empresas de diversos crimes económico-financeiros.


Fonte : Lusa/Fim

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