I Liga Sporting alcança o bicampeonato 70 anos depois
Sete décadas depois, o Sporting volta a conquistar um bicampeonato.
A equipa de Alvalade viveu uma temporada de extremos, com três treinadores diferentes.
Um início de sonho com Ruben Amorim, com onze vitórias consecutivas, a descida ao inferno com João Pereira e a estabilização do campeão conseguida por Rui Borges, que trocou Guimarães por Lisboa.
Para trás ficou o rival Benfica que lutou até ao fim pelo título.
Gyokeres e Trincão foram as grandes figuras do Leão campeão a dobrar.
Um bicampeonato dividido em três atos.
O Sporting alcança o título depois de um ano de altos, baixos e da estabilização de uma equipa que sofreu com lesões e o assédio do Benfica pelo lugar cimeiro da Liga Portuguesa
Primeiro ato: a perfeição de Amorim
"Diziam que jamais seremos bicampeões outra vez. Vamos ver".
Foi assim que Ruben Amorim entusiasmou os adeptos do Sporting na festa do Marquês em 2024, dando conta da vontade de permanecer no banco dos Leões.
O início nem foi o melhor com a derrota para o FC Porto na Supertaça, depois de ter estado a vencer por 3-0. No entanto, no primeiro terço do campeonato só deu Sporting.
Onze jogos e onze vitórias, num registo perfeito de Ruben Amorim, que em Novembro saiu do Sporting, aclamado pelos adeptos, para o comando técnico do Manchester United, clube onde ainda não convenceu totalmente.
Gyokeres foi o motor da equipa de Alvalade, marcando vários golos e sendo decisivo nas vitórias do Sporting. Houve goleadas sobre o Rio Ave, o Nacional da Madeira, Farense, Arouca, AFS, Estoril-Praia, Famalicão e Estrela da Amadora. Pelo meio, o FC Porto não foi capaz de parar o Sporting em Alvalade e o canto do cisne teve lugar em Braga.
Na despedida de Ruben Amorim, o Sporting de Braga até parecia estar disposto a estragar a festa leonina, estando a vencer por 2-0 ao intervalo.
No entanto, os Leões entraram determinados em dar um último triunfo a Amorim e cedo, na segunda parte, empataram a partida.
Morita e Hjulmand puxaram pelos Leões na cidade dos Arcebispos e Conrad Harder fez o mais difícil: dar a volta à equipa da casa com dois golos tardios.
Remontada épica, décima primeira vitória consecutiva e despedida perfeita de Ruben Amorim do Sporting, onde foi campeão por duas vezes e ainda almejou um terceiro campeonato.
A juntar a um início perfeito, o Sporting ainda se mostrava na Liga dos Campeões com grandes resultados: vitória sobre o Lille e o Sturm Graz, um empate frente ao PSV Eindhoven e um triunfo histórico sobre o Manchester City, de Pep Guardiola.
Vitória por 4-1 sobre o campeão inglês com um hat-trick de Viktor Gyokeres. Frederico Varandas disse adeus a Ruben Amorim e deu as boas-vindas João Pereira, que treinada a equipa B do Sporting
Segunda ato: após a perfeição, a descida ao inferno
“Daqui a cinco anos João Pereira estará num dos clubes mais poderosos da Europa”.
Foi assim que Frederico Varandas deu início à carreira de João Pereira como treinador principal do Sporting.
Depois de Ruben Amorim, o presidente do Sporting ficou por casa e chamou o antigo jogador, que saiu da equipa B para rumar à primeira equipa.
Apesar de ter falado num “presente envenenado” para João Pereira, Frederico Varandas mostrava-se confiante num Sporting que iria continuar a jogar bom futebol e manter a toada vitoriosa em Portugal e na Europa.
E o primeiro jogo parecia confirmar a vontade do presidente leonino.
Na estreia, João Pereira liderou o Sporting para a Taça de Portugal, frente ao Amarante.
O resultado foi uma goleada por 6-0, com o novo técnico a deixar boas indicações.
No entanto, o pior estaria para vir.
Frente ao Arsenal começou o calvário de João Pereira e de um Sporting habituado a ganhar.
Os Gunners foram a Alvalade golear por 5-1 na primeira grande derrota dos Leões na temporada.
Pensando-se que seria apenas um percalço no caminho, João Pereira viu o Sporting a perder pela primeira vez para o campeonato.
Primeiro, frente ao Santa Clara, em Alvalade, numa partida polémica para a arbitragem, e depois em Moreira de Cónegos.
Apesar do golo madrugador de Gyokeres, o Sporting não foi capaz de suster a reação do Moreirense e golos de Dinis Pinto e Schettine levaram o Sporting a uma terceira derrota consecutiva, algo inédito na temporada.
De seguida, nova derrota na Liga dos Campeões, frente ao Club Brugge para os Leões conseguirem duas vitórias consecutivas: no campeonato, frente ao Boavista, e para a Taça de Portugal, com os açorianos do Santa Clara.
Ao sétimo jogo, João Pereira somava a terceira e última vitória enquanto treinador do Sporting.
A 22 de dezembro, o Sporting voltou a tropeçar, em Barcelos, num empate a zero e no dia de Natal, o clube de Alvalade anunciou a rescisão com João Pereira.
Oito jogos foram suficientes para Frederico Varandas procurar novo rumo.
Oito jogos em que o técnico somou três vitórias, um empate e quatro derrotas.
No campeonato, em doze pontos possíveis, o antigo jogador conquistou apenas quatro.
Seguia-se o dérbi com o Benfica em Alvalade e a necessidade de ter um substituto que voltasse a levantar a moral e a confiança de um grupo que num mês perdeu a magia dos primeiros meses com Ruben Amorim.
Terceiro ato: a acalmia veio de Guimarães
Há mais de um ano que estava no radar do Sporting, garantiu Frederico Varandas.
Depois de um trabalho vistoso no Moreirense e Vitória de Guimarães, Rui Borges foi o homem que se seguiu.
E sem grande tempo para pensar em “presentes envenenados”, o técnico teve logo uma prova de fogo na primeira partida no banco do Sporting.
A 29 de dezembro, o técnico recebeu o Benfica, que com Bruno Lage procurava subir na classificação e chegar ao título.
Numa partida difícil, Rui Borges foi capaz de montar uma equipa coesa e firme frente ao rival, com Geny Catamo a ser novamente um talismã, dando os três pontos à equipa de Alvalade.
Mas nem sempre de vitórias se fez o caminho do técnico.
Com uma onda de lesões, de Morita, a Pote, Rui Borges necessitou dos jogadores mais jovens para poder fazer face à liderança da Liga e ao assédio cada vez maior do Benfica.
A altura mais complicada chegou no fim de fevereiro com empates consecutivos frente ao Arouca (2-2) e AFS (2-2) e com o Sporting a ver o Benfica a aproximar-se da liderança.
No entanto, a presença do rival acordou o Leão que foi começando a reerguer-se das várias lesões e a vencer as partidas da Liga.
O pior momento da época aconteceu no princípio de abril, quando um empate a um golo com o Sporting de Braga, em Alvalade, colocou o Benfica na liderança da I Liga (derrotou o FC Porto por 4-1 na mesma jornada).
Uma perda que pouco durou, com os Leões a recuperarem o primeiro lugar nos Açores e com o Benfica a empatar em casa frente ao Arouca.
Desde essa altura até ao dia 10 de maio, Sporting e Benfica não descolaram: primeiro e segundo lugares do campeonato, em igualdade pontual, com o dérbi no Estádio da Luz a ser crucial para as contas dos dois clubes e do campeonato.
Uma partida denominada como o “jogo do século” e que terminou num empate a um golo.
Trincão colocou o Sporting em vantagem logo aos quatro minutos e Akturkoglu empatou para o Benfica.
Um empate com sabor a vitória para os Leões, que apesar de continuarem com os mesmos pontos que o rival, cimentaram a liderança com a vantagem no confronto direto (triunfo em Alvalade, empate na Luz).
No dia 17 de maio, dia de todas as decisões, o Sporting recebeu o Vitória de Guimarães, necessitado de pontos para garantir a vaga na Liga Conferência.
Pedro Gonçalves e Viktor Gyokeres não deixaram qualquer dúvida e com um triunfo difícil mas merecido de 2-0, o Sporting conquistou o bicampeonato que fugia há 70 anos.
Na noite de sábado, 17 de maio, o Marquês voltou a vestir-se de verde e branco.
O Sporting é campeão nacional da temporada 24/25.
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