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Rebaixamento da Linha Férrea
Já vai longe o tempo em que alguém assumia, em 7 de Julho de 94, com grande lucidez:
"Garantida agora a defesa da praia, afigura-se-nos que não se devia perder a oportunidade de investir definitivamente no traçado actual mas em túnel, para urbanizar a superfície, limitar os ruídos e, simultaneamente, criar um novo espaço de teor turístico de grande valia para a cidade."
Mas a CP preferia a quadruplicação da linha, hipótese que a autarquia rejeitava liminarmente.
E a "DE" de 26 de Setembro de 96 noticiava que a ministra do Ambiente, Elisa Ferreira, se mostrara sensível aos argumentos que José Mota levara a uma reunião, reprovando o projecto da CP.
Na circunstância o presidente da Câmara insistia que a construção de um túnel era tecnicamente viável, como o comprovavam os pareceres que a autarquia pedira:
"A desautorização pública da ministra às pretensões da CP é a prova de que estamos certos. Estamos à espera que o presidente do conselho de administração peça a demissão e, se tal for necessário, até faremos uma romagem à sede daquela empresa".
Posteriormente, em 2 de Janeiro de 97, na rubrica "1966 em revista", a "DE" admitia:
"Construir um túnel, ficando o problema do trânsito resolvido de uma forma parcial, seria uma oportunidade excelente para desenvolver o turismo local, carenciado que está de um empurrão definitivo para que seja, verdadeiramente, considerado como tal."
Todavia, só em 13 de Agosto de 98 a situação se clarificava, como referiu José Mota:
"Com a visita de João Cravinho, vimos pela primeira vez um ministro admitir o enterramento da linha.
Ele teve a preocupação de dizer que estavam a estudar o assunto e que até Janeiro de 99 seria tomada uma decisão. Para mim, a declaração do ministro significa apenas que vai haver enterramento da linha, com maior ou menor dificuldade."
Como consequência, em 13 de Maio de 99 a "DE" sublinhava que "o sonho, em que até há pouco tempo poucos acreditavam que se pudesse vir a concretizar, vai ser uma realidade, e o protocolo assinado no passado sábado por José Mota e por Manuel Frasquilho, responsável máximo pela Refer, é o primeiro passo dado nesse sentido".
Pouco tempo depois, em 26 de Agosto de 99, o primeiro-ministro, António Guterres, anunciou que "a cidade deixará de estar dividida por uma linha-férrea, com a concretizarão de um velho sonho - o enterramento da Linha do Norte".
Embora se fizessem ouvir algumas vozes dos habituais "velhos do Restelo", os cidadãos mais lúcidos e responsáveis não tinham dúvidas sobre o alcance da obra.
Assim aconteceu com o presidente da Solverde, Manuel Violas, que em 13 de Dezembro de 2001 afirmava que "o enterramento da linha será, de facto, um salto qualitativo que Espinho vai ter e que se deve muito à pessoa que neste momento ocupa o lugar da presidência da autarquia".
A generalidade da comunicação social reconhecia também o mérito da realização.
Por exemplo, em 26 de Julho de 2001, a jornalista Sandra Soares escrevia na "DE" que "todos os intervenientes directos nesta obra, assim como a população em geral, são unânimes em considerar que Espinho vai mudar radicalmente e uma das principais razões desta mudança é a grande alameda que vai surgir à superfície dos 1.100 metros de túnel compreendidos entre as ruas 11 e 43".
Também em meados de 2001 foi publicado o anúncio do concurso público internacional para o rebaixamento da linha, obra que viria a desenvolver-se até 2008, altura em que, a partir de 4 de Maio, os comboios deixaram de circular à superfície em Espinho.