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Comboio deixa de dividir a cidade Espinho
Às 23h passa o último comboio.
A partir de domingo, Alfa Pendular viaja através de túnel ferroviário
Este sábado, às 23h, irá passar o último comboio pela linha que divide Espinho em duas partes.
No domingo, às 6h55, é inaugurado o novo túnel ferroviário de 954 metros com a passagem do Alfa Pendular, que liga Braga a Lisboa.
A obra começou em 2004 e teve um custo total de 60 milhões de euros, escreve a agência Lusa.
O presidente da Câmara Municipal de Espinho divide com João Cravinho os louros da construção da nova travessia ferroviária.
José Mota explica que se bateu por esta obra e que Cravinho, como ministro das Obras Públicas do primeiro governo de António Guterres, foi quem «tomou a decisão política», dando luz verde para a realização de uma empreitada que o autarca considera «muito complicada».
A luta de José Mota pelo enterramento da linha ferroviária começou «em 1995/1996».
Mota recorda que foram precisas «diversas reuniões» até convencer João Cravinho, mas vencidas as dúvidas ministeriais, ficou acordado que o Governo pagaria 40 milhões e a Câmara de Espinho 20 milhões, retirando-se deste montante cinco milhões para a futura requalificação urbana do canal ferroviário.
No entanto, o autarca não esquece aqueles que foram um travão ao avanço da obra.
«Quem complicou mais isto foi um senhor chamado Valente Oliveira.
Nunca me recebeu, nem respondeu às cartas que lhe enviei», acusa o José Mota, referindo-se ao ex-ministro das Obras Públicas, Transportes e Habitação de Cavaco Silva, em 2002 e 2003.
A Refer (Rede Ferroviária Nacional) vê esta obra como uma «grande mais-valia» para Espinho.
A cidade «deixa deter um elemento constrangedor à superfície», realçou Susana Abrantes, da Direcção de Comunicação e Imagem da Refer.
O túnel abre caminho a uma operação de arranjo urbanístico de grande envergadura.
A obra vai permitir uma requalificação do meio urbano, que aumenta a qualidade paisagística e diminui o ruído provocado pela circulação do comboio.
No espaço libertado surgirá «uma zona essencialmente de lazer, com bares, um posto de turismo, jogos de água e outros equipamentos» que vai, no entanto, implicar algumas demolições, como a do estádio de Espinho.
José Mota não acredita que esta obra fique pronta até às eleições autárquicas de 2009, mas garante que isso não lhe tira o sonho.
«O que me interessa é que a obra seja bem feita», afirma.
O autarca diz que a requalificação pode ser feita faseada-mente, mas nada está ainda definido.
De uma o autarca está certo:
«Esta é uma obra minha, não tenho qualquer dúvida sobre isso».
Moradores estão expectantes
Os moradores, que há alguns anos convivem com as obras de enterramento da via-férrea e com a falta de segurança provocada pelos comboios, revelam grande expectativa pela inauguração da linha subterrânea.
«Vai ser uma maravilha em todos os aspectos, só vai trazer vantagens», afirmou Regina Fonseca, funcionária do Hotel Mar Azul, que aponta a segurança como um dos principais pontos positivos.
«Muitas pessoas morreram atropeladas pelo comboio, enquanto faziam a travessia de um lado para o outro», disse.
Apesar da expectativa, a funcionária do hotel, queixou-se do barulho das máquinas, que vai continuar devido às obras de requalificação da superfície, planeadas pela Câmara de Espinho.
Ao contrário de Regina, Carmindo Martins Moreira, proprietário de um café que há 70 anos funciona junto à linha de comboio, apresenta dúvidas quanto aos benefícios do túnel ferroviário.
«Espinho era bonito com o comboio a passar, agora a linha subterrânea pode ser melhor ou não», afirmou.
De acordo com Carmindo Moreira, «os comerciantes vão sofrer mais alguns anos» devido às obras de requalificação urbana.
Mas sublinhou que não está «descontente, nem zangado.
Até acredito que a cidade fique bonita depois, mas isto pode demorar um, dois ou três anos».
Fonte Lusa
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