sábado, 3 de maio de 2008

Túnel ferroviário de Espinho

 


Último comboio que "divide" a cidade passa às 23:00



Hoje, pelas 23H00, vai passar o último comboio pela antiga linha que divide a cidade de Espinho em duas partes, uma à beira-mar e outra mais interior.


Domingo, às 06H55, inicia-se a exploração do túnel ferroviário e da nova estação. 

O primeiro comboio a atravessar esta nova infra-estrutura, pelas sete da manhã, será o Alfa Pendular procedente de Braga, com destino a Lisboa.

O autarca José Mota divide com João Cravinho os louros da construção da nova travessia ferroviária de Espinho, em via dupla e através de um túnel com 954 metros, que custou 55 milhões de euros.

O presidente da Câmara Municipal de Espinho explica que foi ele quem se bateu por esta obra.

"Lutei por ela como um desgraçado", disse hoje o autarca, em declarações á agência Lusa.

Cravinho, como ministro das Obras Públicas do primeiro governo de António Guterres, foi quem "tomou a decisão política", dando luz verde para a realização de uma empreitada que o autarca considera "muito complicada".

José Mota olha para trás e também não se esquece daqueles que em sua opinião foram um travão ao avanço desta obra.

"Quem complicou mais isto foi um senhor chamado Valente Oliveira", salienta.

"Nunca me recebeu, nem respondeu às cartas que lhe enviei", acusa o autarca, referindo-se ao ex-ministro das Obras Públicas, Transportes e Habitação de cavaco Silva, em 2002 e 2003.

A sua luta pelo enterramento da linha ferroviária começou "em 1995/1996". Mota recorda que foram precisas "diversas reuniões" até convencer João Cravinho.

A princípio, o ministro mostrou-se céptico.

 Tratava-se de um investimento elevado, cerca de 60 milhões de euros, que teria de ser suportado apenas pelo Governo e pela autarquia.

"Na altura, há 12/13 anos, era muito dinheiro", reconhece Mota. Vencidas as dúvidas ministeriais, ficou acordado que o Governo pagaria 40 milhões e a Câmara de Espinho 20 milhões, retirando-se deste montante cinco milhões para a futura requalificação urbana do canal ferroviário.

Os trabalhos para a construção do túnel tiveram início em 2004.

"São uma grande mais valia principalmente para Espinho", defende a Refer - Rede Ferroviária Nacional, entidade responsável por esta obra.

"Espinho deixa de ter um elemento constrangedor à superfície", realçou Susana Abrantes, da Direcção de Comunicação e Imagem da Refer, em declarações à agência Lusa.

José Mota sublinha que "hoje passam mais de 120 comboios por dias em Espinho".

Com a linha férrea à superfície, a cidade ficou dividida em duas partes, uma à beira-mar e outra mais interior.

O túnel, com uma profundidade média entre 9,5 e 10 metros, acaba com essa ferida urbana que era a linha ferroviária e abre caminho a uma operação de arranjo urbanístico de grande envergadura.

No espaço libertado surgirá "uma zona essencialmente de lazer, com bares, um posto de turismo, jogos de água e outros equipamentos".

Mota não acredita que esta obra fique pronta até às eleições autárquicas de 2009, mas garante que isso não lhe tira o sonho.

"O que me interessa é que a obra seja bem feita", afirma. 

Já existe projecto aprovado, cujo autor é o arquitecto Rui Lacerda, mas os trabalhos ainda não foram adjudicados.

O autarca diz que a "requalificação pode ser feita faseadamente", mas nada está ainda definido.

À boleia desta intervenção, "está previsto" um parque de estacionamento subterrâneo com 500 lugares, a construir "junto ao casino".

A ideia do autarca é que esta infra-estrutura seja feira em regime de "concepção/construção", sem custos para o município.

A entrada em funcionamento da nova travessia ferroviária não prevê qualquer festa oficial.

Mota deixa isso para o dia em que estiver pronto arranjo à superfície.

Uma coisa é certa, sustenta:

 "Está é uma obra minha, não tenho qualquer dúvida sobre isso".


Fonte : Lusa/fim







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