Moradores contra as demolições previstas para a costa
portuguesa
A população da Praia de Paramos, em Espinho, no norte de
Portugal está revoltada. As casas onde sempre viveram vão ser demolidas, de
acordo com o novo Plano de Ordenamento da Orla Costeira, que visa prevenir e
travar a erosão costeira e reduzir a vulnerabilidade às alterações climáticas.
"Acho isso um absurdo, porque nós nunca tivemos grandes
problemas com o mar. O mar salpica um bocadito em frente à capela, mas não é
nada de grave", diz Alfredo Maganinho, que reside desde que nasceu, há 41
anos, na Praia de Paramos.
"O mar não faz mal a ninguém", afirma Benvinda
Rocha, que não tem medo do mar, mas de perder a casa: "Tenho medo é de
perder a minha casinha, as minhas coisinhas, porque agora com esta idade não
tenho possibilidade de mais nada". A moradora garante que não sai, nem que
a obriguem.
O presidente da Câmara de Espinho considera que a demolição
não é a melhor solução para o aglomerado que tem cerca de cem casas, na maioria
ilegais. "Entendemos que apostando na defesa costeira, nas novas técnicas
de defesa costeira, designadamente ao largo do mar e mantendo a população, nós
estamos aqui a potenciar a resiliência desta população e evitando que o mar
avance cada vez mais", defende Pinto Moreira.
O plano de Ordenamento da Orla Costeira prevê a demolição de
mais de 130 casas e edifícios nos 122 quilómetros de costa entre Caminha e
Espinho. Entre eles, o Edifício Transparente, no Porto, construído para a
Capital Europeia da Cultura em 2001. Desenhado pelo arquiteto catalão
Solà-Morales, custou 7,5 milhões de euros.
Esta é apenas uma das medidas para o novo Plano de
Ordenamento da Orla Costeira portuguesa, Nos próximos dez anos Portugal vai
gastar quase 470 milhões de euros para tentar reduzir os riscos de erosão
costeira e a sua vulnerabilidade às alterações climáticas.
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