PJ investiga se mãe matou gémeos encontrados em carro
Primeiros resultados das autópsias apontam para probabilidade dos bebés terem nascido vivos, contrariando a versão da mulher
Os fetos foram encontrados no interior de uma viatura, estacionada na Rua 62, na cidade de Espinho
INVESTIGAÇÃO A autópsia realizada aos dois fetos encontrados na mala de um carro, na semana passada, em Espinho, aponta para a probabilidade dos gémeos terem nascidos vivos, contrariando a versão da progenitora, de 22 anos, que garantiu às autoridades estarem já mortos aquando do alegado parto espontâneo. A mãe, internada logo a seguir, deverá ter alta nos próximos dias e ser constituí¬da arguida. A investigação do caso, que esteve inicialmente a cargo da PSP, está agora sob alçada da Polícia Judiciária (PJ) do Porto, por decisão do Ministério Público.
É precisamente por existirem suspeitas de homicídio, um crime da competência exclusiva da PJ, que o caso transitou para aquela polícia, logo na semana passada. De acordo com informações recolhidas pelo JN, os resultados preliminares das autópsias, realizadas no gabinete do Instituto de Medicina Legal do Hospital S. Sebastião, em Santa Maria da Feira, e que apontam no sentido dos bebés terem nascido com vida, ainda carecem de vários exames complementares que são moroso.
Só daqui a várias semanas é que as autoridades poderão confirmar definitivamente a actual tese, afastando a possibilidade de que se tenha tratado de um crime de aborto, que não é da competência da Polícia Judiciária.
HOMICÍDIO OU INFANTICÍDIO Quando os resultados dos exames forenses complementares forem conhecidos, a PJ deverá determinar se a mulher matou os filhos "durante ou logo após o parto e estando ainda sob a sua influência perturbadora", o que, de acordo com o Código Penal, poderá configurar um crime de infanticídio, punido com pena de prisão de um a cinco anos, ou de homicídio simples, com uma moldura penal de oito a 16 anos de cadeia.
DENUNCIA Internada com dores de barriga
Depois do parto, a mulher deslocou-se, na companhia de uma amiga, à Urgência do Hospital Santos Silva, em Gaia. Aos médicos que a atenderam queixou-se de fortes dores abdominais, sem nunca referir que tinha acabado de dar à luz gémeos. Depois de ser assistida e verificado o seu estado, compatível com uma situação de pós-parto, foi interna¬da no Serviço de Obstetrícia, onde ainda se mantinha ontem. De-verá ter alta nos próximos dias.
As autoridades também deverão realizar perícias ao estado mental da mulher para aferir das suas condições psíquicas.
ENCONTRADOS PELO AVO
Os dois fetos, do sexo feminino, com cerca de sete meses de gestação, foram encontrados pelo pai da mulher, na mala do carro que era habitual-mente usada pela suspeita, emprega¬da de restaurante.
O homem estaria a limpar a viatura, estacionada na via pública, quando encontrou o primeiro feto, dentro de um saco plástico, na mala. Incrédulo com o achado, levou-o para casa, chamando de imediato as autoridades. Mais tarde, quando inspeccionavam o veículo, os elementos da PSP acaba¬riam por encontrar um segundo feto, "envolvido pela placenta e peças de roupa", explicou, na altura, a PSP.
A gravidez seria desconhecida tanto do pai da mulher como do companheiro, um empregado fabril, com quem tem duas filhas menores.
Alexandre Panda e Salomão Rodrlgues
FONTE JN
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