quarta-feira, 5 de abril de 2023

Produtores de vinho questionam preços das garrafas e pedem intervenção do Governo

 


Produtores de vinho questionam : 


Baixa o custo da energia mas as garrafas mantêm preços recorde? 


E pedem novamente intervenção urgente do governo, divulgando entretanto os resultados de um inquérito efectuado à fileira vitivinícola

A baixa gradual do custo da energia, que se reflectiu positivamente nos fretes de transporte em navio, não teve lamentavelmente ainda qualquer reflexo no fornecimento das garrafas, que continuam a ser colocadas no mercado com preços recorde.

De Norte a Sul do País, os produtores de vinho estão a ser confrontados com custos do vidro que estão em média mais de 55% acima dos valores pré-guerra e com alcavalas no seu fornecimento (taxa de energia, valor do transporte e exigência de pagamento antecipado). 

Se é certo que o custo energético teve um aumento, é inegável que este já está há vários meses a ser aliviado. Estranhamente, não há qualquer reflexo no custo das garrafas.

Acresce que continua a registar-se escassez de muitos modelos de garrafas (ao contrário do que acontece noutros países vinícolas, nossos concorrentes), o que tem obrigado os produtores a alterarem constantemente procedimentos e rotulagem, para adaptarem a sua produção aos modelos disponíveis, o que afecta gravemente a consistência das suas estratégias comerciais e de marketing.

De acordo com dados divulgados pelo Instituto da Vinha e do Vinho, Portugal produziu na última vindima cerca de 688 milhões de litros de vinho.

 Sendo que a maior parte do vinho Português é engarrafado, é bom de ver não só a importância que o vidro tem para este sector, mas além disso, como o vinho é o principal exportador de vidro português para os quatro cantos do mundo.

Para muitos produtores, sobretudo os que se posicionam em segmentos mais competitivos, o aumento do custo do vidro, que não tem paralelo noutros países, deixa-os dramaticamente fora do mercado.


A ANCEVE dirigiu nas últimas semanas um inquérito sobre este tema à fileira do vinho, tendo obtido os seguintes resultados :


 Quais as referências e formatos de garrafas mais em ruptura? 

Garrafas tipo Bordalesa / tipo Borgonha / tipo Reno / para Espumante.

Os modelos estiveram intermitentemente em ruptura ao longo de 2022 e mantém-se o cenário em 2023.

 Registam-se interrupções frequentes de produção e fornecimento, sem qualquer aviso prévio ao mercado.


Qual a côr mais em ruptura? 

Branco / Castanho / Azulado.


Os fornecedores estão a debitar-lhes taxa de energia? 


Sim / A esmagadora maioria abandonou a sobretaxa energética na sua descriminação em factura, tendo incorporado a mesma no preçário final dos modelos.


Os fornecedores estão a debitar-lhes o valor do transporte? 


Sim, com algumas excepções para grandes clientes.


Os fornecedores estão a exigir-lhes pagamento antecipado? 


Sim, com algumas excepções para grandes clientes.


Qual o valor médio do aumento que vos foi imputado desde há um ano? 


O valor médio de aumento foi à volta dos 55% / 70% em quase todos os modelos.


Os actuais constrangimentos levaram-nos a optarem por outros vasilhames / materiais e em caso afirmativo, quais? 


Não / Em análise, sem posição tomada.


No último ano optaram por engarrafar com garrafas de vidro mais leve? 


Não, tentamos manter o mesmo estilo de garrafa, dentro dos mesmos pesos.


Tal alternativa é mais barata ou acessível neste contexto de ruptura e preços recorde?


 Não / O portfólio das vidreiras evolui no sentido de os modelos existentes passarem a ser fornecidos em “light weight”.

Este percurso assumido pelas vidreiras não se repercute directamente na baixa do custo / kg  vendido.

 A garrafa alternativa pode ser ligeiramente mais barata no custo unitário, mas o custo / Kg comprado vai aumentando sucessivamente.


Deseja acrescentar alguma nota? 


“É de notar que para além de não fornecerem garrafas, as vidreiras também não estão a aceitar novos clientes”. 

“Para além do exposto, vidreiras e fornecedores de garrafas estão a dar quotas de quantidades aos clientes baseados nas compras do ano anterior; ora isto impossibilita qualquer produtor de fechar novos negócios, logo impossibilita aumentos de vendas”.

 A ANCEVE pede novamente ao Governo que estabeleça urgentemente uma plataforma de diálogo, para que, sob o seu alto patrocínio, representantes dos sectores do vinho e do vidro possam analisar a situação e procurar a forma mais eficaz de abordar e resolver este gravíssimo problema.

Fundada em 1975, a ANCEVE – Associação Nacional dos Comerciantes e Exportadores de Vinhos e Bebidas Espirituosas representa produtores e engarrafadores de vinhos e bebidas espirituosas das principais regiões do País.




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