quarta-feira, 12 de abril de 2023

Projetistas do Estádio de Espinho dizem que “não faz sentido” câmara falar em 13 ME

 


Projetistas do Estádio de Espinho dizem que “não faz sentido” câmara falar em 13 ME


Os projetistas do Estádio de Espinho, que o atual executivo camarário quer auditado devido a indícios de irregularidades, defenderam hoje que “não faz sentido” a câmara dizer que a obra adjudicada por 4,5 milhões de euros poderá custar 13.


Em causa está a posição pública dessa autarquia do distrito de Aveiro, agora liderada pela socialista Maria Manuel Cruz, quanto à viabilidade técnica e financeira da empreitada iniciada em 2020, no mandato do social-democrata Joaquim Pinto Moreira.

“Estão nomeados [pela câmara atual] vários fatores conjunturais e estimativas de custos que surpreenderam a equipa projetista”, começa por referir o comunicado assinado pelo engenheiro Joaquim Ferreira, da Pórtico - Gabinete de Engenharia Lda., e pelo arquiteto Diogo Lacerda, da RDLM Arquitetos Associados Lda.

Os dois profissionais afirmam depois:

 “Não faz sentido o apontamento [da câmara] de que a obra pode custar 13 milhões de euros. 

Não é um valor realista nem está enquadrado com o projeto a concurso, razão que nos obrigou a esclarecer todos os espinhenses, que, tal com nós, desejam ver concretizada uma obra que tem um longo historial de fracassos e insucessos e que agora merece definitivamente um empurrão final, sem comprometer o orçamento camarário”.

Os dois profissionais realçam, contudo, que ainda não foram ouvidos no processo de reavaliação da empreitada.

 “Desde a tomada de posse da nova equipa de gestão da câmara municipal, nunca fomos chamados para quaisquer esclarecimentos ou dúvidas sobre o nosso projeto.

 Nas reuniões de obra semanais, constatámos sempre um clima de incerteza, com muitas dúvidas sobre o futuro do Estádio Municipal, e, decorrente disso, solicitámos uma reunião com a Câmara, não tendo obtido resposta”, afirmam.

Argumentando que a equipa autora do projeto é aquela “que possui conhecimentos relevantes” sobre o mesmo, Joaquim Ferreira e Diogo Lacerda garantem que esse “cumpre todas as normas e regulamentos aplicáveis à prática desportiva do futebol” e que a empreitada “tem condições para ser executada, terminada e sujeita às vistorias do Instituto Português do Desporto e da Juventude”.

Sobre dois aspetos concretos que o novo executivo socialista disse em conferência de imprensa, a 24 de março, que segundo a autarquia “indiciam práticas lesivas do erário público”, engenheiro e arquiteto esclarecem: por um lado, “o abastecimento de água está incluído na empreitada”, já que, “de acordo com o estabelecido (na altura da adjudicação) com a câmara municipal, as extensões de (cerca de 200 metros) de águas pluviais e esgotos seriam promovidas numa empreitada à parte, através dos serviços próprios”; por outro, na obra “estão incluídas todas as infraestruturas para o funcionamento da iluminação, faltando os postes e os projetores, que estão orçamentados em 360.000 euros”.

Sobre o mesmo assunto, Joaquim Ferreira e Diogo Lacerda acrescentam ainda que esse “não é trabalho obrigatório e pode ser realizado em qualquer altura, ficando o estádio condicionado às provas desportivas diurnas”.

Quanto à acusação de que a empreitada ainda vai precisar de terrenos privados, os autores do comunicado afirmam: 

“A bilheteira norte está implantada em terrenos camarários, ocupando uma parte de terreno privado no seu trajeto até ao recinto. 

São cerca de 20 a 30 metros quadrados de terreno a expropriar, mas, se necessário, a equipa projetista desvia o acesso e assim evita qualquer tipo de expropriação”.

Joaquim Ferreira e Diogo Lacerda realçam que em causa está “um pequeno estádio, com 5.000 lugares e adaptado às necessidades da cidade”, pelo que, além da adjudicação de 4,5 milhões, a obra só precisa de trabalhos complementares na ordem dos 500.000 euros e de “lançar as empreitadas para completar os arranjos exteriores e as extensões das condutas de águas pluviais e saneamento”.

“Esta é a realidade do projeto e daquilo que é necessário fazer para viabilizar e colocar em uso o Estádio Municipal”, concluem, manifestando a “inteira disponibilidade da equipa projetista para prestar todos os esclarecimentos e colaborar de forma global nos vários aspetos julgados necessários para o bom andamento da obra”.

A auditoria que a Câmara de Espinho encomendou à empreitada do Estádio Municipal surgiu na sequência de uma investigação a autarcas e empresários por suspeitas de corrupção em negócios imobiliários. 

Disso resultou a detenção e renúncia do socialista Miguel Reis à presidência da autarquia e a consequente tomada de posse de Maria Manuel Cruz, que, ao entrar em funções, avançou para a auditoria ao equipamento desportivo adjudicado em 2020 pelo social-democrata Joaquim Pinto Moreira, então presidente da câmara e agora também arguido no processo.


 

Fonte : Lusa/Fim






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