sábado, 13 de novembro de 2021

Exposição A impermanência da sombra. J Jorge Marques Artlab24

 


 A impermanência da sombra.


 J Jorge Marques



A sombra, foi o ponto de partida para pensar o desenho. 

Como silhueta, desenhada numa superfície, pela interposição de um corpo e uma fonte de luz. 

Como forma recortada ou o seu contorno. 

Mas também como um vislumbre, uma espécie de fantasma. 

Ou ainda como qualquer coisa que está num permanente devir. como uma metáfora do processo.

O processo é uma forma de aproximação ao desenho.

 Uma espécie de ponto de ataque, por onde tudo começa e no preciso momento em que acontece e onde o tempo e o corpo se inscrevem, no desenho.

Na verdade, tenho quase sempre a intenção de fazer um desenho. 

Ou desejo de fazer um desenho. 

O desenho é o primeiro vislumbre do que desejo fazer, a primeira forma em que penso, e que é fundamental no meu processo criativo. 

É dentro dessa ideia de desenho e processo, o desenho enquanto o desenho se faz, ou, como escreve Molina, a ação que faz a coisa feita, onde tudo se joga. 

É nesse movimento permanente pelo qual as coisas passam, de um estado a outro, que por vezes me levam até coisas, que são desenhos, identificáveis como desenhos, mas... coisas que não são chamados desenhos, e.... bem como aqueles que não chamamos desenhos, mas... parafraseando.

 Russell Marshall e Phil Sawdon.

Este, mas, que me serve para pensar esta condição do desenho não é apenas designativo de uma oposição ou restrição ao que convencionalmente chamamos desenho, é sobretudo o reconhecimento de campos de disseminação e de contacto entre territórios de natureza diversa, onde o desenho se faz, e entre aquilo que o desenho é ou poderá ser.

Cada desenho, — na circunstância em que se faz e pensa — ensaia o seu próprio sentido, ou finalidade, dentro do seu campo de atuação, porque também trabalha nos limites daquilo que o define. 

E o resultado é um elemento fundamental para se compreender a evidência e o sentido do desenho, o seu conhecimento, o campo de atuação e o efeito de cada operação.

Esta condição assume, por vezes, critérios que o ultrapassam, pois não se trata apenas de reconhecer os limites da linguagem do desenho, dos meios, dos materiais, dos suportes, dos processos, mas também do reconhecimento do seu carácter transversal ao pensamento em arte e que incorpora frequentemente processos e formas de conhecimento das diferentes áreas ou territórios onde opera.

13.11—31.12

Curadoria

André Lemos Pinto

Paulo Moreira


FONTE : Artlab24











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