Obras da Linha Rosa do Metro Porto de exploração arqueológica
Metro do Porto viaja à cidade do século XVII
Existiam registos documentais, mas não se sabia ao certo o que seria encontrado.
Na Praça da Liberdade, no centro do Porto, as obras da Metro, para a construção da linha Rosa, levaram à descoberta do que resta da antiga Fonte da Natividade, datada do século XVII.
O paramento está em boas condições.
Será catalogado e desmontado.
O plano passa, depois, pela reinstalação numa estação da nova linha, que ligará São Bento à Casa da Música. Ou a transposição para os jardins do Carregai ou de Sophia (Praça da Galiza). Tiago Braga, presidente da Empresa do Metro, prefere a opção do ar livre.
O JN esteve no local com o jornalista e historiador Germano Silva, que fez uma resenha do achado. "Inicialmente chamava-se Fonte da Arca, porque tinha um tanque enorme.
Foi aumentada em 1682 e passou a ser a Fonte da Natividade, porque os mercadores montaram uma capela em cima e colocaram uma imagem da Nossa Senhora da Natividade.
Era um local muito frequentado pela burguesia do Porto, que ali passava os fins de tarde, especialmente no verão, porque tinha choupos e magnólias.
Era aprazível.
A capela foi destruída em 1821.
Mais tarde, em 1833, para alargamento da Praça, demoliram a própria fonte, mas não por inteiro", deu conta.
"O que vemos agora são restos muito significativos.
Segundo os responsáveis da Metro, serão preservados, e ainda bem, para memória futura", comentou, satisfeito pelas garantias dadas ao elemento arqueológico.
Levantamento fotográfico
O presidente da Metro assinalou que estes trabalhos no subsolo são uma "obrigação" e surgem no âmbito do "impacto ambiental", ao nível da arqueologia.
"Há ações previstas para a preservação deste tipo de património.
Vamos registar, fazer um levantamento fotográfico de cada um dos elementos, identificar e depois proceder à desmontagem.
Tendo em consideração a qualidade e o nível de conservação daquilo que encontrámos, a intenção é incorporar este achado, no seu todo, naquilo que estamos a fazer na linha Rosa", adiantou Tiago Braga.
"A descoberta é relativamente recente, portanto ainda não temos a solução final.
Sabemos é que há várias opções.
Integrar numa estação, que pode ser esta (Praça da Liberdade), ou, porque estava ao ar livre, fazer a reconstituição numa das áreas de jardim que estamos a construir.
Vamos ter estações, quer no Carregai, quer no jardim de Sophia (Galiza), e este é um elemento que, claramente, tem características para se enquadrar nestes jardins", completou, sem esconder que a sua "preferência" passa pela colocação numa das áreas ajardinadas.
Fábrica de cerveja
"Na Galiza, apareceram estruturas de uma antiga fábrica de cerveja, a Companhia União Fabril Portuense, que foi a reunião de pe- quenas fábricas do Porto, a seguir à l.a Grande Guerra.
Nos anos 60, montaram a Cervejaria CUF, para venda ao público de cerveja e ma- risco.
Depois, a fábrica foi para Leça do Balio", explicou Germano Silva.
Muralha Fernandina
"Nos Loios, o que apareceu foi um elemento das fundações da Muralha Fernandina, do século XIV, no tempo de Afonso IV", disse o jornalista e historiador.
A Muralha, que tinha um enorme perímetro, foi sendo desmantelada ao longo dos séculos.
FONTE JN
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