Eleições Internas PSD
O candidato Luís Montenegro vota para eleições internas do Partido Social Democrata (PSD) na Junta de Freguesia de Espinho
Luís Montenegro eleito presidente do PSD
Luís Montenegro diz que resultado “honra o partido e a democracia portuguesa”
Luís Montenegro afirmou hoje, em Espinho, após ser eleito o 19.º presidente do PSD, que a grande jornada que agora terminou “honra o partido e a democracia portuguesa”.
“Hoje, no essencial, não fomos nós quem ganhou ou o PSD, no essencial, quem ganhou foi Portugal. Portugal ganhou hoje a formação de uma alternativa política ao socialismo que nos tem governado e desgovernado nos últimos anos”, disse.
A acompanhar o discurso da vitória, após ser anunciado que venceu com 73% dos votos contra 27% dos conquistados por Jorge Moreira da Silva, o antigo líder parlamentar social-democrata tinha uma ruidosa sala com cerca de uma centena de militantes, entre eles os antigos deputados Hugo Soares, António Leitão Amaro e Hermínio Loureiro, que o receberam com gritos de “PSD, PSD” e “Portugal, Portugal”.
O líder da candidatura “Acreditar” que vai suceder a Rui Rio na liderança do maior partido da oposição afirmou ainda que o resultado de hoje é um sinal de “grande mobilização, de responsabilidade para o PSD, mas também de vitória”.
Luís Montenegro venceu as quatro principais distritais: Braga, Porto, Aveiro e Lisboa, com percentagens que oscilaram entre os 66% e os 72%.
No total, em relação às anteriores diretas, votaram quase menos dez mil militantes, o que coloca a abstenção num valor próximo dos 40%, quando nas duas anteriores eleições internas (com um novo regulamento em que só podem votar os militantes com quotas válidas no mês da eleição) rondou os 20%.
No discurso de vitória, em Espinho (distrito de Aveiro), Montenegro minimizou esta taxa de abstenção, considerando que não foi na sua candidatura, e realçando que, em números absolutos, os seus mais de 19.000 votos são superiores aos obtidos por Rui Rio nas duas últimas eleições diretas.
O antigo líder parlamentar afirmou que, apesar do mandato ser de dois anos, pretende ser “candidato a primeiro-ministro” nas eleições legislativas de 2026, e considerou que a sua vitória dita “o princípio do fim da hegemonia do PS”.
“Hoje, no essencial, não fomos nós quem ganhou ou o PSD, no essencial, quem ganhou foi Portugal. Portugal ganhou hoje a formação de uma alternativa política ao socialismo que nos tem governado e desgovernado nos últimos anos”, disse.
Sobre as europeias de 2024, que deverão anteceder as próximas eleições diretas, reiterou que “vai para ganhar”, mas assegurou que “não fugirá às responsabilidades”.
Luís Montenegro venceu no sábado as eleições diretas e tornou-se o 19.º presidente do PSD, na segunda vez em que disputou o cargo, numa vitória expressiva com mais de 72% dos votos e em todos os distritos do país.
FONTE : Lusa/fim
Montenegro, de tribuno nos tempos da 'troika' a 19.º presidente do PSD
O antigo líder parlamentar do PSD Luís Montenegro tornou-se hoje o 19.º presidente do partido, sucedendo a Rui Rio, de quem foi o principal desafiador ao longo do mandato, com tréguas em vésperas de legislativas.
De acordo com os resultados provisórios hoje anunciados, Montenegro conseguiu cerca de 73% dos votos, contra 27% do outro candidato, o antigo vice-presidente do PSD Jorge Moreira da Silva.
Esta foi a segunda vez que Luís Montenegro concorreu à presidência do PSD: em janeiro de 2020, nas primeiras eleições diretas a que se candidatou, o antigo líder parlamentar do PSD obrigou Rui Rio a uma inédita segunda volta no partido (Miguel Pinto Luz foi o terceiro candidato que ficou pela primeira volta, com cerca de 9,5% dos votos) e conseguiu 47% do partido.
Na noite da derrota, em 18 de janeiro de 2020, o antigo deputado avisou logo que não valia a pena anunciarem a sua morte política, considerando que essa notícia seria "manifestamente exagerada", mas manteve-se discreto na sua intervenção política nos dois anos seguintes.
Luís Filipe Montenegro Cardoso de Morais Esteves, 49 anos, nasceu no Porto, mas viveu sempre em Espinho (Aveiro) e é advogado de profissão.
Montenegro estreou-se no parlamento aos 29 anos, em 2002, quando Durão Barroso era presidente do PSD e primeiro-ministro, depois de ter iniciado uma carreira política que começou na JSD e passou pela Câmara Municipal de Espinho, onde foi vereador.
Nas autárquicas de 2005, candidatou-se a presidente do município, mas foi derrotado por José Mota, do PS.
Depois de ter sido ‘vice’ da bancada na direção de Miguel Macedo, foi eleito líder parlamentar após a vitória de Pedro Passos Coelho nas legislativas, em junho de 2011.
Mantém-se no cargo até 2017, tornando-se o líder parlamentar com maior longevidade no PSD, e foi no período da ‘troika’ - em janeiro de 2014 - que disse que “a vida das pessoas não está melhor, mas a do país está muito melhor”, frase que lhe viria a merecer muitas críticas.
Nas disputas internas no PSD, Luís Montenegro foi tendo opções diferentes: nas diretas de 2007, entre Luís Marques Mendes e Luís Filipe Menezes, foi mandatário distrital do ex-autarca de Gaia; um ano depois, assumiu o lugar de porta-voz da candidatura à liderança de Pedro Santana Lopes, contra Manuela Ferreira Leite e Pedro Passos Coelho; já em 2010 apoiou Passos Coelho, contra Paulo Rangel e José Pedro Aguiar-Branco; em 2018, apoiou Santana Lopes contra Rui Rio já na reta final da campanha interna, e em 2021, no próprio dia das diretas, escusou-se a revelar publicamente em quem votaria, na disputa entre Rui Rio e Paulo Rangel.
No final de 2017, chegou a ponderar uma candidatura à liderança do partido, quando Pedro Passos Coelho anunciou que não se recandidataria, mas acabou por concluir que não estavam reunidas as condições para avançar "por razões pessoais e políticas".
Mas, logo em fevereiro de 2018, no Congresso de aclamação de Rio, Montenegro deixou o aviso de que poderia vir a disputar-lhe o lugar: “Desta vez decidi não, se algum dia entender dizer sim, já sabem que não vou pedir licença a ninguém”.
Tal como anunciou nesse Congresso, Luís Montenegro deixaria o parlamento em abril de 2018, 16 anos depois de tomar posse como deputado, e foi expressando pontualmente as suas divergências com a direção de Rui Rio.
Em janeiro de 2019, desafiou Rui Rio a convocar eleições antecipadas no partido, dizendo que não se resignava “a um PSD pequeno, perdedor, irrelevante, sem importância política e relevância estratégica”.
O presidente do PSD não aceitou o repto para marcar diretas um ano antes do previsto, mas levou a votos uma moção de confiança à direção, que foi aprovada em Conselho Nacional com 60% dos votos.
Depois dessa derrota interna, terminou as colaborações regulares com órgãos de comunicação social e, segundo noticiou o Expresso, frequentou no verão um programa de gestão avançada para executivos e líderes do Instituto Europeu para Administração de Empresas em França, mantendo-se praticamente em silêncio na vida política.
Nas autárquicas de setembro de 2021 teve participações pontuais, mas longe do presidente do PSD, e não quis entrar na corrida à liderança nas eleições diretas que se seguiram, e que acabaram por ser disputadas entre Rio e o eurodeputado Paulo Rangel e ganhas pelo antigo presidente da Câmara do Porto.
Na campanha para as legislativas de 30 de janeiro, apareceu ao lado de Rui Rio em iniciativas no distrito de Aveiro, manifestando-se confiante de que a vitória do PSD era possível e recusando falar, na altura, em sucessão.
Casado e com dois filhos, o desporto foi uma paixão de juventude, tendo jogado futebol e voleibol de praia - também foi nadador-salvador -, e atualmente pratica golfe.
Na campanha interna de 2020, foi, tal como o seu adversário Rui Rio, ao programa das manhãs da SIC, onde contou à apresentadora Cristina Ferreira que a sua alcunha de infância era ‘Ervilha’ - por ser “redondinho” e ter olhos verdes - e no qual fez um dueto com Tony Carreira a cantar o “Sonhos de Menino”, garantindo que liderar o PSD não estava entre eles.
A sua alegada pertença à mesma loja maçónica do ex-diretor dos serviços de informação Jorge Silva Carvalho – na anterior campanha interna negou alguma vez ter pertencido à maçonaria – e as faltas parlamentares para assistir a jogos do FC Porto, clube do qual é adepto, e da seleção nacional foram algumas das polémicas que viveu na Assembleia da República.
Em junho de 2019, Luís Montenegro foi constituído arguido – a par dos então deputados Hugo Soares e Luís Campos Ferreira – por alegado recebimento indevido de vantagem no caso das viagens do Euro 2016, tendo negado então a prática de qualquer crime e garantido que as viagens foram pagas a expensas próprias, num processo entretanto arquivado.
FONTE : Lusa/fim
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