quinta-feira, 31 de dezembro de 2020

O Vouguinha ia apitando por entre pinheiros e eucaliptos

  

O Vouguinha ia apitando por entre pinheiros e eucaliptos


29 de Dezembro de 1958


Oliveira de Azeméis estava engalanada para a festa do cinquentenário da Linha do Vale do Vouga. A pacatez do lugar desapareceu ao som das bandas e dos morteiros.

Uma visita régia, dentro da maior das solenidades, pôs Espinho em festa no dia 28 de Dezembro de 1908. Inaugurava-se a linha de caminho-de-ferro que ligava, precisamente, Espinho e Oliveira de Azeméis. Parece que a chuva resolveu aparecer e estragar algumas das ornamentações recortadas a papel. D. Manuel, ainda de luto pela morte do pai e do irmão, presidia à primeira inauguração de uma obra no seu reinado. Subiu à composição perante os vivas da multidão, instalou-se no seu lugar, ouviu o apito da locomotiva e, depois de ter sacolejado um pouco, partiu na viagem inicial.

Moço de trato simples, D. Manuel II era estimado pela populaça. 

Ao longo das estações em que ia parando havia sempre alguém com algo para lhe oferecer, um gesto de carinho com que obsequiá-lo. 

Depois passaram os anos. 

E as décadas.

No dia 29 de dezembro de 1958, os jornais recordavam esse momento do curtíssimo reinado de D. Manuel, o momento em que se inaugurara a via do Vale do Vouga. 

“O povo estava contente.

 Quantos anos esperara por aquele comboiozinho que serpenteava numa pequena linha prateada e apitava desesperadamente nas curvas, desvendando para lá das barreiras e granitos uma paisagem sempre imprevistamente deslumbrante! 

Pequeninas estações e apeadeiros alvejavam no quadro verdejante, muitas delas com vasos de flores que abotoavam friorentamente”.

FONTE I
































http://hemerotecadigital.cm-lisboa.pt/OBRAS/GazetaCF/1958/N1704/N1704_master/GazetaCFN1704.pdf


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