terça-feira, 10 de janeiro de 2023

Grupo Fortera nega “qualquer envolvimento" na Operação Vórtex da PJ em Espinho e Pinto Moreira diz que atual Câmara de Espinho acusa antecessores para “desviar o foco”



Grupo Fortera nega “qualquer envolvimento" na Operação Vórtex da PJ em Espinho



 O grupo Fortera, promotora imobiliária, negou hoje “qualquer envolvimento” na Operação Vórtex levada a cabo pela Polícia Judiciária (PJ) e que culminou na detenção do presidente da Câmara Municipal de Espinho, um funcionário desta e três empresários.




“Apesar de ter negócios de promoção imobiliária [Fortera] em Espinho não há qualquer envolvimento na operação levada a cabo esta terça-feira pela Polícia Judiciária naquele concelho”, referiu a administração da empresa, em comunicado enviado à Lusa, depois de o seu nome ter sido envolvido nesta operação.

Além disso, a administração esclareceu que o diretor-executivo, Elad Dror, não foi detido, nem recebeu qualquer notificação nesse sentido.

“A empresa tem como valores fundamentais a integridade e a transparência em todas as suas ações e decisões. Desde a fundação, trabalha constantemente para a garantir que todas as suas práticas assentem na ética e na honestidade, com o compromisso da transparência em todas as áreas de atividade, incluindo relações com clientes, colaboradores e acionistas”, sustentou ainda.

E acrescentou: “esses valores são essenciais para construir relacionamentos de confiança e sustentar o sucesso no longo prazo”.

O presidente da Câmara de Espinho, um funcionário desta e três empresários foram hoje detidos por suspeitas de corrupção ativa e passiva, prevaricação, abuso de poderes e tráfico de influências na Operação Vórtex, disseram à Lusa fontes ligadas à investigação.

Em comunicado, a PJ explicou hoje que estas cinco pessoas foram detidas na sequência de cerca de duas dezenas de buscas, domiciliárias e não domiciliárias, que visaram os serviços de uma autarquia local, residências de funcionários desta e diversas empresas sediadas nos concelhos de Espinho (Aveiro) e Porto.

Posteriormente, fonte dessa autarquia do distrito de Aveiro adiantou à Lusa que as buscas da PJ prendem-se com licenciamentos urbanísticos do anterior mandato, confirmando buscas à residência do anterior presidente também.

Fonte Lusa/Fim








































Pinto Moreira diz que atual Câmara de Espinho acusa antecessores para “desviar o foco”


O ex-presidente da Câmara de Espinho Joaquim Pinto Moreira, cuja residência foi hoje sujeita a buscas pela Polícia Judiciária (PJ), defende que o atual executivo camarário está a atribuir responsabilidade à anterior gestão para “desviar o foco” das atenções.



Em causa está a Operação Vórtex, que, de acordo com a PJ, está a envolver cerca de 20 buscas domiciliárias e não domiciliárias a serviços dessa autarquia do distrito de Aveiro, residências de funcionários da Câmara e diversas empresas sediadas em Espinho e no Porto – e de que resultaram já cinco detidos confirmados.

Um deles é o atual presidente da Câmara, o socialista Miguel Reis, e outro o chefe de Divisão de Obras na Câmara, José Costa, sobre cujas detenções o chefe de gabinete da presidência, Nuno Cardoso, disse esta tarde à Lusa: “A investigação incide essencialmente sobre operações urbanísticas realizadas no mandato anterior”.

A residência de Joaquim Pinto Moreira também foi sujeita a buscas, mas, gozando de imunidade parlamentar devido às suas atuais funções de deputado e vice-presidente da bancada do PSD na Assembleia da República, esse autarca só reagiu publicamente ao assunto após a Lusa divulgar o que ele classifica como a “desinformação tendenciosa” veiculada pelo executivo PS.

“Repudio de forma veemente as declarações do chefe de gabinete do presidente da Câmara Municipal de Espinho, que, irresponsável e inapropriadamente, quis desviar o foco de uma investigação que não me tem, certamente, no seu epicentro”, declara Pinto Moreira em comunicado.

“Repudio igualmente tentativas soezes de contaminação informativa com matérias absolutamente ausentes de qualquer investigação”, acrescenta.

O ex-autarca e atual deputado afirma que “o contexto investigatório [da Operação Vórtex] reporta ao ano de 2022 e respeita a intenções de investimento não concretizadas e a operações urbanísticas tramitadas no atual mandato autárquico, ainda que algumas possam ter transitado de mandatos anteriores”.

Pinto Moreira revela ainda o material que a PJ apreendeu em sua casa: “O meu computador profissional, que uso no exercício da minha profissão de advogado, e o meu telefone. Nada mais foi apreendido, seja documento ou qualquer outro elemento”.

O comunicado termina com a afirmação da sua “total disponibilidade para colaborar com a descoberta da verdade e com as autoridades judiciárias nos termos e decisões por essas tomadas” e conclui: “Se vier a ser solicitado o levantamento da minha imunidade parlamentar, estarei totalmente disponível para, seja em que qualidade for, colaborar totalmente com a justiça”.

Após três mandatos como presidente da Câmara Municipal de Espinho entre 2009 e 2021, Pinto Moreira foi pela primeira vez eleito deputado nas legislativas de 2022, pelo círculo do Porto. Chegou a vice-presidente da bancada social-democrata na direção de Joaquim Miranda Sarmento, já depois de Luís Montenegro, também natural de Espinho, assumir a presidência do PSD, e, desde o dia 04 de janeiro, preside à representação social-democrata da Comissão Eventual de Revisão Constitucional, por indicação do seu partido.

Pinto Moreira foi, aliás, um dos principais apoiantes de Montenegro na sua ascensão à liderança, revelando-se um dos poucos militantes destacados que acompanharam presencialmente o momento em que, em janeiro de 2019, o agora líder do PSD desafiou o então presidente Rui Rio a convocar diretas antecipadas.

Além do atual presidente da Câmara Municipal de Espinho, Miguel Reis, a operação Vórtex fez pelo menos outras quatro detenções.

Segundo a PJ, todos os detidos estão indiciados pela prática dos crimes de corrupção ativa e passiva, prevaricação, abuso de poderes e tráfico de influências. A investigação versa sobre “projetos imobiliários e respetivo licenciamento”, todos eles “respeitantes a edifícios multifamiliares e unidades hoteleiras” envolvendo “interesses urbanísticos de dezenas de milhões de euros, tramitados em benefício de determinados operadores económicos”.


Fonte Lusa/Fim









































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