Espinho deixa crescer plantas e flores silvestres para ajudar as abelhas
A Junta de Freguesia de Espinho, no distrito de Aveiro, está a deixar crescer plantas silvestres e a semear espécies que antes eram de disseminação bravia para assim ajudar as abelhas, revelou hoje fonte daquela autarquia.
Vasco Alves Ribeiro é o presidente da junta que gere parte da orla costeira do município de Espinho e explicou à Lusa que o seu objetivo é contribuir para a preservação do inseto que mais intervém na polinização de todo o planeta e cuja sobrevivência tem sido reduzida pelos efeitos da industrialização, o que ameaça a cadeia alimentar e, por isso, também a produção de alimentos em todo o mundo.
"Desenvolvemos com a nossa empresa de jardinagem um plano de prado bravio para implementar sobretudo na zona marítima, junto às praias, e isso prevê, por um lado, eliminar os canaviais e plantas invasoras como os chorões, e, por outro, deixar crescer flores pequeninas selvagens, de aparecimento mais espontâneo, e plantar outras que atraiam abelhas e ajudem à sua preservação", conta o autarca à Lusa.
Vasco Alves Ribeiro reconhece que as abelhas têm uma certa reputação de perigosas, mas defende que "são muitíssimo maiores os benefícios para a população geral do que os riscos para uma ou outra pessoa que seja alérgica" ao inseto, pelo que argumenta que "as pessoas devem informar-se bem antes de criticarem para perceberem a importância do que está em causa".
A principal área onde está a ser implementado este modelo de jardinagem é a envolvente do rio Largo, que foi recentemente sujeita a arranjos urbanísticos e a Junta quer transformar num local mais agradável - embora na consciência de que a qualidade ambiental desse curso de água "está sempre sujeita ao que acontecer no concelho [vizinho] de Santa Maria da Feira, onde as descargas poluentes são comuns".
Em todo o caso, há dois grupos de espécies a privilegiar na nova estratégia de horticultura da cidade: o das gazânias (Gazanea splendens), flor de base mais arbustiva, para cobrir extensões maiores, e o das flores silvestres, entre as quais a urze (Calluna vulgaris), a amarílis (Amarilis), a lantana-rasteira (Lantana montevidensis), a alfazema-rosmaninho (Lavandula stoechas) e a festuca em alvéolo (Festuca glauca).
Parte dessa flora foi escolhida especificamente para as áreas junto à entrada das praias pela sua "capacidade de fixar areias", com o que Vasco Alves Ribeiro também pretende combater a erosão costeira e o estreitamento dos areais.
"A ideia é que possamos encontrar na costa um prado mais natural, em que as flores se misturem com ervas e outras espécies, criando uma paisagem mais florida que cative as abelhas e as ajude a recolherem pólen para levar até outros sítios", conclui.
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