Consumidores querem garantias de reparabilidade e durabilidade para comprar mais bens em 2.ª mão
7 em cada 10 consumidores estão dispostos a pagar mais por produtos rotulados com estas garantias
Consumidores têm uma opinião positiva sobre marcas e retalhistas que entram neste mercado
Segundo o estudo Barómetro Europeu do Consumo 2022, dedicado ao tema da Economia Circular, a necessidade de garantia dos produtos em 2.ª mão é um dos fatores que leva os consumidores a optarem por não os comprar.
Neste sentido, 86% acreditam que a existência de um índice de reparabilidade seria um fator importante ou muito importante na escolha de um produto.
Por outro lado, 90% consideram que um índice de durabilidade também forneceria informações sobre a robustez e confiabilidade dos bens.
Relativamente à existência do índice de reparabilidade, os italianos e portugueses são dos europeus mais favoráveis (94%), enquanto os dinamarqueses e suecos estão mais reticentes (76% e 77%).
Quanto ao índice de durabilidade, mais uma vez os italianos e portugueses são os que mais o desejam (95% e 97%), sendo preciso voltar ao norte da Europa para encontrar expectativas mais baixas nesta área.
Este desejo de segurança, no que diz respeito à reparabilidade e durabilidade, tem consequências no preço dos produtos, contudo nem todos estão dispostos a aceitá-las.
Ainda assim, 7 em cada 10 europeus dizem estar dispostos a pagar mais por produtos rotulados desta forma, sendo os romenos, búlgaros e húngaros os mais favoráveis (84%, 83% e 80%), enquanto os franceses e belgas estão mais relutantes (61% e 63%).
A importância que os consumidores atribuem à durabilidade e reparabilidade reflete igualmente o sucesso dos produtos recondicionados, principalmente no caso dos telemóveis.
Mais de 8 em cada 10 europeus já ouviram falar de recondicionamento de produtos e 1 em cada 2 sabe exatamente o que significa.
Valorizar a sua imagem e pensar no futuro
No geral os consumidores têm uma opinião positiva sobre as marcas e os retalhistas que estão a entrar no mercado de 2.ª mão, ao recuperar produtos, dando-lhes uma nova vida.
86% acreditam que as empresas têm estas práticas para demonstrar a sua capacidade de inovação, sendo uma ideia transversal a todos os países onde foi realizado este estudo, com os italianos e portugueses mais uma vez a expressar uma opinião mais favorável.
Já 85% dos europeus acreditam que é uma maneira de marcas e retalhistas se prepararem para o futuro. Em terceiro lugar, com 82%, aparece a sugestão de que a adesão ao recondicionamento demonstra compromisso com o meio ambiente.
A capacidade de as marcas e retalhistas se destacarem no mercado e a oportunidade de obterem mais lucro quando entram no mercado de usados recebem uma proporção quase igual dos votos (78% e 77%).
Nas duas opções, as diferenças entre os países são muito mais acentuadas.
Na primeira, enquanto 87% dos portugueses e 86% dos húngaros veem a prática como fonte de diferenciação, apenas 64% dos alemães estão de acordo.
E quando se trata da sugestão de que os retalhistas aderem a estas práticas para gerar lucros adicionais, 87% dos portugueses, 86% dos búlgaros e 85% dos espanhóis são dessa opinião, em comparação com 62% dos alemães e 63% dos austríacos.
73% dos portugueses permanecem apegados à propriedade de bens
Os mais velhos valorizam mais a propriedade do que os mais jovens
·Falta de garantia é o principal motivo para não comprar produtos usados
Livros, videojogos, consolas e equipamentos de bricolage são alguns dos bens mais aceites para uso em segunda mão
Apesar de a economia circular dar ênfase aos bens em segunda mão, a propriedade ainda tem futuro pela frente. De acordo com o estudo Barómetro 2022, 3 em cada 4 europeus continuam a declarar-se muito apegados à ideia de serem proprietários de bens. Em Portugal, 73% dos inquiridos estão também alinhados com esta ideia.
Numa perspetiva geracional, verifica-se que os entrevistados mais velhos valorizam mais a propriedade do que os mais jovens.
Entre os vários países onde se realizou o inquérito, os suecos, os noruegueses e especialmente os eslovacos são os menos entusiasmados com a propriedade, enquanto os húngaros, búlgaros, italianos e romenos estão no extremo oposto da escala.
Independentemente da categoria do produto, os europeus preferem também comprar a alugar.
No entanto, 36% dos entrevistados preferem alugar ou emprestar um livro e 33% um videojogo ou uma consola. 30% dos inquiridos também apreciam alugar equipamentos de bricolage, o que será uma escolha influenciada pelo facto de as pessoas tenderem a não utilizar estas ferramentas todos os dias.
Em contraste, embora a compra de telemóveis recondicionados seja um segmento em rápido desenvolvimento, 92% dos europeus ainda preferem comprá-los novos.
Garantias são oportunidade para retalhistas
As garantias oferecidas pelos retalhistas e pelas marcas desempenham um papel essencial no estabelecimento de relações de confiança com os consumidores.
Uma confiança que, de certa forma, garante a sua fidelização e, consequentemente, a repetição de compras.
Para 30% dos entrevistados, e uma proporção ainda maior entre os mais seniores, a falta de garantia é o principal motivo para não comprar produtos usados.
Em seguida na lista vem o pensamento de comprar um produto que já foi usado por outra pessoa (26%), seguido do desejo de comprar algo novo (25%).
Estes resultados parecem confirmar que os europeus continuam muito interessados em tudo o que é novo, no sentido mais amplo possível.
42% dos portugueses revelam que o seu poder de compra diminuiu nos últimos 12 meses
O aumento dos preços dos produtos de uso diário, dos preços dos combustíveis e dos preços da energia são os 3 dos fatores que mais contribuem para a diminuição do poder de compra
Mais de metade dos portugueses aceita que o seu poder de compra diminua por consequência da guerra
O estudo Observador Cetelem Consumo em tempos de inflação 2022 procurou avaliar a perceção que os consumidores têm da evolução do seu poder de compra nos últimos meses.
Segundo as conclusões do estudo, 4 em cada 10 portugueses diz que o seu poder de compra diminuiu nos últimos 12 meses.
Se compararmos os dados relativamente ao género, idade e classe social, o estudo conclui que o poder de compra diminuiu mais junto dos inquiridos do género feminino (45%), dos com mais de 65 anos (52%), e de classes com menores rendimentos (63%).
Fazendo uma avaliação por região, também se observa que os portugueses inquiridos residentes na região Centro foram aqueles que mais sentiram o seu poder de compra diminuir (61% Centro vs. 48% Sul vs. 34% Norte).
Já 44% dos portugueses inquiridos revelam que o seu poder de compra permaneceu estável e cerca de 13% que aumentou.
No entanto, comparando com o inquérito realizado em novembro de 2021 há também menos consumidores a considerarem que o seu poder de compra aumentou ou permaneceu estável (-8 p.p.).
Quando questionados sobre os fatores que podem ter tido mais impacto na diminuição do poder de compra, os inquiridos apontam responsabilidades ao aumento dos preços dos produtos de uso diário (64%), dos preços dos combustíveis (59%), dos preços da energia (57%), das despesas fixas (34%) e dos custos com a habitação (32%).
Comparando a nível regional, os inquiridos do Norte são os que sentem mais que o aumento dos preços de combustível foi o que teve mais impacto no seu poder de compra (64% vs.
61 Centro vs. 55% Sul), enquanto os inquiridos da região Centro sentem que o seu poder de compra diminui devido ao aumento dos preços dos produtos de uso diário (75% vs. 66% Norte vs. 62% Sul).
Já os residentes no Sul do país consideram que se deveu à diminuição de rendimentos (36% vs. 30% Centro vs. 26% Norte).
Impacto da Guerra na Europa
Segundo o estudo, metade dos portugueses (52%) aceita que o seu poder de compra diminua por consequência da guerra na europa.
Fazendo uma avaliação por idade, observa-se que são os jovens aqueles que são mais compreensivos face a esta situação, nomeadamente dos 25 aos 34 anos (58%) e dos 18 aos 24 anos (57%).
Os residentes na Zona Metropolitana do Porto demonstram-se também mais compreensivos que os de Lisboa (63% vs. 49%).
Como prova de que os consumidores estão também cada vez mais ativistas e se mantêm atentos ao posicionamento das marcas face a este conflito, 80% dos inquiridos dizem que equacionam boicotar marcas que compactuem de alguma forma com a guerra, considerando este um critério importante no momento de escolha de um produto.
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