Movimento cívico contra obra da IP na Granja em Gaia convida Marcelo a visitar local
O movimento cívico “Praia Granja, Cidadãos”, que tem contestado as obras da Infraestruturas de Portugal (IP) na Linha do Norte em Vila Nova de Gaia, convidou o Presidente da República a visitar a empreitada.
“Convidamos a vir ao local para ver o esforço de recuperação do património que tem sido realizado pelos moradores em toda a zona e visualizar os impactos que a obra tem no local”, refere o movimento cívico numa carta dirigida a Marcelo Rebelo de Sousa, a que a Lusa teve hoje acesso.
Em causa está o projeto que a IP tem vindo a implementar ao longo do troço ferroviário da Linha do Norte entre Espinho (distrito de Aveiro) e Vila Nova de Gaia (distrito do Porto), o qual inclui a colocação de separações acústicas, reformulação de apeadeiros e construção de passagens pedonais superiores para substituir as atuais.
Esta obra já motivou uma queixa ao Ministério Público, bem como ao Provedor da Justiça Europeu, com o argumento de mau uso de fundos comunitários, apresentada pelos moradores.
Na missiva, o “Praia Granja, Cidadãos”, que se refere à obra como um “atentado patrimonial”, apela ao Chefe de Estado como o “mais alto representante da nação e primeiro defensor dos valores históricos e patrimoniais do país” para a necessidade de “proteger a beleza espacial e frágil destes locais”.
“O nosso objetivo não é parar a obra da IP, mas sim conseguir que os impactos brutais dessa obra nos lugares da Praia da Granja e Praia da Aguda sejam minimizados adequadamente”, vincou.
O foco, acrescenta o movimento cívico, é a defesa do património histórico, arquitetónico e urbanístico do “espaço único” das praias da Granja e da Aguda e preservar e melhorar a mobilidade suave das populações que residem e utilizam essas praias.
O “Praia Granja, Cidadãos” explica que as obras em curso contemplam a realização de muros de betão com cerca de três a seis metros de altura e duas passagens superiores pedonais de grande dimensão e com um impacto visual “medonho” na envolvente.
“Acresce que as referidas passagens superiores dividem as populações da Granja e da Aguda e limitam drasticamente o acesso às praias por peões, ciclistas e animais de estimação”, realça.
Somam-se petições públicas, pedidos de esclarecimento e protestos, como o organizado pelos grupos “Praia da Granja, Cidadãos” e “Amigos da Aguda” que decorreu a 30 de abril e juntou no local cerca de uma centena de pessoas.
A 14 de abril, em resposta à agência Lusa, a IP afirmou que a construção de uma passagem inferior pedonal para substituir a superior recentemente colocada na estação da Granja constitui “maior risco à segurança dos utentes”.
“A criação de uma passagem inferior pedonal não asseguraria condições de visibilidade do exterior para o interior da passagem, o que constitui um maior risco a segurança dos utentes, e, em caso de falha de fornecimento de energia ao sistema de bombagem, ficaria impedido o acesso dos passageiros à plataforma central e a evacuação dos mesmos em casos de emergência e socorro”, referiu a IP.
A Lusa contactou ainda a Câmara de Gaia que recordou que este processo inclui uma ação judicial, algo que “o município respeita”, mas “impede a continuação do debate público”.
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