sábado, 2 de julho de 2022

Polémico montagem ponte pedonal na Estação de Granja

 


Obra da IP em Gaia beneficiaria com projeto de inserção urbanística – geógrafo


O geógrafo e professor universitário Álvaro Domingues considerou hoje que a obra que a Infraestruturas de Portugal (IP) está a realizar na Linha do Norte em Gaia sairia beneficiada com um projeto de inserção urbanística.


“Um projeto de inserção urbanística provavelmente não ia resolver tudo, mas podia amenizar a questão, podia gerar uma discussão pública mais ampla”, considerou o professor da Faculdade de Arquitetura da Universidade do Porto (FAUP).

Em declarações à agência Lusa, Álvaro Domingues considerou que “falta delicadeza” nas soluções desenhadas, nomeadamente no que se refere às passagens pedonais superiores e às barreiras acústicas que estão a ser colocadas junto à linha férrea, elementos “intrusivos” que têm gerado contestação, sobretudo nas localidades da Aguda, Granja e Miramar, em Vila Nova de Gaia, no distrito do Porto.

“Falta fazer o que a Metro do Porto faz maravilhosamente: um projeto de inserção urbanística. 

Estamos a falar do transporte ferroviário, o mais pesado que há, e de uma delicadeza urbana que dá pelo nome de ‘cidade-jardim’. Ali existe um modelo urbanístico que na bibliografia urbanística até tem ‘pedigree’. 

Postas duas coisas tão distintas e com interesses tão distintos – a ferrovia encerra interesses nacionais e europeus e a parte urbanística interesses locais –, estamos perante um cenário de altíssimo contraste”, analisou.

Em causa está o projeto que a IP tem vindo a implementar ao longo do troço ferroviário da Linha do Norte entre Espinho (distrito de Aveiro) e Vila Nova de Gaia, o qual inclui a colocação de separações acústicas, reformulação de apeadeiros e construção de passagens pedonais superiores para substituir as atuais.

Esta obra já motivou queixas apresentadas por movimentos cívicos locais junto do Tribunal Administrativo e Fiscal do Porto, bem como ao Ministério Público e ao Provedor da Justiça Europeu, com o argumento de mau uso de fundos comunitários.

Somam-se o envio de uma carta aberta ao Presidente da República, petições públicas, pedidos de esclarecimento e protestos, como o organizado pelos grupos “Praia da Granja, Cidadãos” e “Amigos da Aguda” que decorreu a 30 de abril e juntou no local cerca de uma centena de pessoas.

Na assembleia municipal de Gaia que decorreu terça-feira, o presidente da Câmara, Eduardo Vítor Rodrigues, disse que deverá ser fechado até 31 de julho um protocolo "de alto nível" sobre as passagens superiores da Granja e da Aguda.

Segundo o autarca, o objetivo do protocolo, a assinar "pelo senhor ministro" da tutela, Pedro Nuno Santos, é "outorgar politicamente" a solução para a travessia da linha do Norte.

Eduardo Vítor Rodrigues disse acreditar numa "boa solução", mas admitiu que "nunca será perfeita".

Esta é também a convicção de Álvaro Domingues:

 “Aquilo não está bem feito, mas não há solução ideal a contento de todos”.

À Lusa, o docente recordou que o desenho urbanístico da zona remonta ao século XIX, quando, “pela primeira vez em Portugal, se fez urbanismo de luxo” numa zona de traços balneares e piscatórios.

“São mansões onde viviam conhecidíssimos comerciantes, banqueiros, que faziam parte da burguesia portuense e que todos os dias iam de comboio para o Porto, enquanto a esfera doméstica, mulher e filhos, ficava na vivenda junto ao mar.

 A importância simbólica do comboio era tão grande que as casas construíam-se de frente para o comboio”, descreveu.

Para Álvaro Domingues, “é evidente que há uma certa indiferença ao contexto” quando se opta por projetar para aquele local “soluções técnicas habituais”.

“É sobre este cenário que agora se faz uma obra dura, uma obra grossa. 

Os elementos [referindo-se às passagens superiores e às barreiras acústicas] são contraditórios [com a envolvente paisagística]”, considerou.

A 14 de abril, em resposta à agência Lusa, a IP afirmou que a construção de uma passagem inferior pedonal para substituir a superior recentemente colocada na estação da Granja constitui “maior risco à segurança dos utentes”.

Além da polémica relacionada com a construção de passagens superiores e de muros nas zonas da Granja e na Aguda, que tem sido alvo da contestação das populações locais, que já os apelidaram de “mamarracho”, “escarro arquitetónico” ou “muros de Berlim”, também está em causa a construção de uma passagem superior na Madalena, que poderá levar à demolição de um mirante do século XIX.

A demolição do mirante da Madalena, classificada pelo historiador de arte Francisco Queiroz como um "dos melhores exemplares no país" e "um exemplo paradigmático de uma tipologia de arquitetura específica de uma época", está prevista para este mês no âmbito de obras que decorrem atualmente na linha do Norte.

No Plano Diretor Municipal, o mirante ferroviário está catalogado como alvo de "proteção integral" de nível I, o mais alto em termos municipais, segundo a informação oficial disponível.


 FONTE : Lusa/Fim



























Protocolo de "alto nível" sobre passagens superiores previsto até 31 julho - CM Gaia 






O presidente da Câmara de Gaia, Eduardo Vítor Rodrigues, disse hoje na Assembleia Municipal que deverá ser fechado até 31 de julho um protocolo "de alto nível" sobre as passagens superiores da Granja e da Aguda, na linha do Norte.




"Aquilo que ficou definido na reunião, é que durante o mês de julho, este mês que ainda não entrou, nós fecharíamos um protocolo assinado ao mais alto nível", disse Eduardo Vítor Rodrigues na sessão ordinária da assembleia gaiense.



O presidente da Câmara de Vila Nova de Gaia (distrito do Porto) referia-se a uma reunião entre a Câmara, as juntas de Arcozelo e São Félix da Marinha, a Infraestruturas de Portugal (IP) e grupos de cidadãos sobre as passagens superiores na Granja e na Aguda, que têm sido alvo de contestação das populações locais.

Segundo o autarca, o objetivo do protocolo, a assinar "pelo senhor ministro" da tutela, Pedro Nuno Santos, é "outorgar politicamente" a solução para a travessia da linha do Norte.

Eduardo Vítor Rodrigues disse acreditar numa "boa solução", mas admitiu que "nunca será perfeita".

"Não é o momento de estar a pôr cá fora o conteúdo do processo negocial, sob pena de isto ser uma brincadeira de associações de estudantes", afirmou, considerando que "ao presidente da Câmara compete negociar tranquilamente, fazer a gestão do processo, conseguir o melhor dos mundos".

"Deem-me até ao dia 31 de julho", pediu, garantindo que "se o epílogo não chegar" a "culpa" será sua, pois foi ele quem participou "em todo o processo".

Fonte da presidência da autarquia confirmou posteriormente à Lusa que este processo envolve não só as passagens superiores, mas também as barreiras acústicas à volta da linha.

Eduardo Vítor Rodrigues falava em resposta a dois cidadãos que intervieram acerca da problemática das passagens superiores na Granja e na Aguda.

Um deles, Vasco Sousa, membro do grupo informal de cidadãos da Praia da Granja, disse que na reunião foi transmitido ao grupo que "a solução que está a ser prevista ser instalada a muito breve trecho na Granja e que já foi instalada na Aguda seria uma solução provisória".

"Podemos estar perante uma impossibilidade técnica. Nós falámos com especialistas e a instalação da passagem superior poderá levar a uma impossibilidade técnica de construir um túnel na mesma localização", alertou o cidadão.

Assim, o grupo pediu que "sejam mantidas as passagens de nível tal como já está em Esmoriz e Cortegaça, e que seja reforçada a sinalização".

O projeto faz parte da modernização do troço da Linha do Norte entre Espinho e Gaia, no âmbito do programa Ferrovia 2020, adjudicado por 55,3 milhões de euros, cujas obras em várias estações e apeadeiros em Vila Nova de Gaia condicionam atualmente a circulação ferroviária.

Além da polémica relacionada com a construção de passagens superiores e de muros nas zonas da Granja e na Aguda, que tem sido alvo da contestação das populações locais, que já os apelidaram de “mamarracho”, “escarro arquitetónico” ou “muros de Berlim”, também está em causa a construção de uma passagem superior na Madalena, que poderá levar à demolição de um mirante do século XIX.

A demolição do mirante da Madalena, classificada pelo historiador de arte Francisco Queiroz como um "dos melhores exemplares no país" e "um exemplo paradigmático de uma tipologia de arquitetura específica de uma época", está prevista para este mês no âmbito de obras que decorrem atualmente na linha do Norte.

No Plano Diretor Municipal, o mirante ferroviário está catalogado como alvo de "proteção integral" de nível I, o mais alto em termos municipais, segundo a informação oficial disponível.


 FONTE : Lusa/Fim

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