77% dos portugueses consideram que comprar carro é possível, mas à custa de esforços financeiros
Preço médio do último veículo adquirido pelos portugueses ronda os 16 mil euros, valor próximo da média europeia
15% já acreditam que compra de carro está reservada apenas a pessoas com capacidade financeira
Os preços dos carros, tal como aconteceu com os restantes produtos e serviços, não escaparam à inflação. Juntando os efeitos da Covid-19 aos causados pela Guerra na Ucrânia, a inflação crescente tem dificultado a aquisição de novos veículos por parte dos consumidores, que pensam já duas vezes antes de tomarem grandes decisões de investimento.
O novo estudo Observador Cetelem Automóvel 2023 – “Ter carro, quanto custa?” – conclui isso mesmo, ao constatar que, na maioria dos países onde se realizou o estudo (18 no total), se observa uma diminuição nos volumes de venda dos veículos novos, ao mesmo tempo que o preço das viaturas novas aumentou num ritmo superior ao aumento dos rendimentos das populações.
Mas, afinal, quanto é que os consumidores pagam atualmente por um automóvel?
Tendo em conta os dados do estudo, o preço médio pago pelos condutores portugueses entrevistados quando compraram a última viatura foi de 16.110€, um valor próximo da média europeia (16.712€).
A nível europeu, a Polónia é o país onde o preço médio dos veículos adquiridos é o mais baixo (7.964€).
Por outro lado, a Noruega (20.169€) e a Alemanha (20.084€) apresentam os valores mais elevados.
Já a nível mundial, o preço médio é ligeiramente mais baixo (16.181€) do que a média europeia.
Um preço razoável... nas viaturas usadas
Esta evolução constante do preço das viaturas, no entanto, não afetou o valor percecionado pelos consumidores em relação ao preço de um veículo, uma vez que 79% dos condutores consideraram que o preço de compra da sua última viatura foi “razoável”.
Porém, quando analisamos mais detalhadamente estes resultados, os dados revelam a existência de uma divisão acentuada entre os compradores de veículos usados e os de novos.
77% dos que adquiriram veículos usados demonstram maior satisfação com a relação entre o montante despendido e o valor que atribuem ao automóvel, em comparação com apenas 57% dos compradores de veículos novos.
Uma clivagem significativa encontrada em todos os países do estudo.
Comprar carro, sim, mas a que custo?
Apesar desta avaliação entre o preço e valor percecionado se manter positiva para a maioria dos inquiridos, tal não significa que perspetivem facilidade na compra, considerando o aumento do custo de vida.
De acordo com o Observador Cetelem Automóvel 2023, 77% dos condutores portugueses consideram que continua a ser possível comprar um carro, mas à custa de mais esforços financeiros.
É importante igualmente sublinhar que entre os inquiridos para o estudo, encontramos um sentimento crescente de que o automóvel se encontra reservado a apenas a algumas pessoas.
Em Portugal, são já 15% dos cidadãos a acreditar que comprar um veículo se encontra reservado apenas a quem tem capacidade financeira. Importa, ainda, notar que este sentimento se acentua, em geral, entre aqueles que não são proprietários de veículos, com 3 em cada 10 a partilhá-lo.
A comprovar claramente esta perceção dos consumidores, o relatório realizado pela Statista – uma plataforma que consolida dados estatísticos a partir de milhares de fontes internacionais –, que analisou o nível da taxa de esforço medida pela relação entre o preço de uma viatura e o rendimento médio anual, aponta que esta taxa parece estar próxima e acima de 100% em alguns países, o que significa que adquirir uma viatura custa um ano inteiro de rendimentos para alguns indivíduos.
Em Portugal, a taxa de esforço de acordo com este relatório é de 141%.
Metodologia
As análises económicas e de marketing, bem como as previsões, foram realizadas em parceria com a empresa de estudos e consultoria C-Ways, especializada em Marketing de Antecipação.
O inquérito quantitativo aos consumidores foi conduzido pela Harris Interactive entre 23 de junho e 8 de julho de 2022, em 18 países: África do Sul, Alemanha, Áustria, Bélgica, Brasil, China, Espanha, Estados Unidos, França, Holanda, Itália, Japão, México, Noruega, Polónia, Portugal, Reino Unido e Turquia. No total, foram entrevistadas online 16.600 pessoas (método de recolha CAWI).
Os entrevistados, com idades entre 18 e 65 anos, foram selecionados a partir de amostras nacionais representativas de cada país.
A representatividade da amostra é assegurada pelo método de quotas (sexo, idade). Foram realizadas 800 em cada país, exceto em França onde foram realizadas 3.000 entrevistas.
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