Moradores e ambientalistas unidos em petição contra abate de árvores em Espinho
Moradores e associações ambientalistas entregaram hoje à Câmara Municipal de Espinho uma petição contra o abate de árvores e as mudanças urbanísticas em curso no âmbito das obras de requalificação a decorrer na cidade.
A iniciativa partiu de Margarida Ferreirinha Loureiro, que, "enquanto cidadã de Espinho", no distrito de Aveiro, reuniu para o efeito cerca de 190 assinaturas em papel, sobretudo de "pessoas mais idosas sem domínio da Internet", e lhes acrescentou mais de 420 subscritores em formato ‘online’.
O objetivo é demover a autarquia do projeto relativo ao arranjo da Rua 19, no troço entre a Rua 20 e a 8, em primeiro lugar porque a empreitada já implicou o corte de dezenas de árvores e prevê mais abates, o que os signatários da petição consideram "ser prejudicial ao ambiente e eliminar as sombras" que refrescam o período balnear desse território costeiro.
"Substituir espécies com décadas de vida por novos exemplares noutra zona da cidade não é solução, porque aquilo que um local ganhava com as árvores que tinha não se recupera quando elas são cortadas e se plantam ainda jovens noutro sítio", defende Margarida Ferreirinha Loureiro, acompanhada por representantes do movimento pró-árvore de Aveiro "Juntos pelo Rossio", da ASPEA - Associação Portuguesa de Educação Ambiental, da ADERE - Associação Década Reversível e dos movimentos "Alvorecer Florestal" e "Greve Climática".
Além disso, diz a porta-voz do grupo, "a Câmara também quer que a tradicional calçada portuguesa seja substituída por patela de granito, o que significa destruir um símbolo da cidade".
Margarida Ferreirinha Loureiro diz que "a comunidade está contra isso" e contesta igualmente outras opções urbanísticas como a substituição dos bancos públicos com apoio dorsal por novo mobiliário urbano sem costas.
"Muita gente tem como único objetivo de vida levantar-se e vir de manhã sentar-se num banco de jardim na rua, e agora até esse prazer lhes vai ser retirado", argumenta a moradora de Espinho, preocupada com o problema de isolamento social que isso poderá provocar, já que o novo mobiliário anunciado "deixará de cumprir o seu propósito de permitir o descanso e a contemplação tão característicos da Rua 19".
Questionada pela Lusa, a Câmara Municipal de Espinho referiu, por escrito, que os projetos em causa "foram executados por projetista habilitado, seguindo as melhores regras de promoção da circulação suave - incluindo segregação, sempre que possível, da ciclovia face aos demais corredores de circulação - e de redução da velocidade viária".
A autarquia nota ainda que, "tendo em conta a malha urbana consolidada, houve necessidade de reperfilamento viário, redefinição dos passeios, integração de ciclovia e redefinição de zonas verdes e de arborização".
Os abates já realizados tiveram em conta "a idade das árvores, a sua deficiente formação, a sua localização inadequada e o seu estado de conservação", pelo que a autarquia optou apenas "por preservar as oliveiras existentes a nascente da Avenida 32, do lado sul, e a redefinir novos espaços verdes para reflorestação, inclusive na Rua 19, num total de 1.400 metros quadrados de área ajardinada e 60 árvores".
Margarida Ferreirinha Loureiro rejeita o argumento do executivo camarário do PSD quanto à necessidade dessas mudanças para requalificar o centro da cidade.
"Dizem que são necessárias para fazer ciclovias, mas a verdade é que só fazem faixas para ciclistas porque cada quilómetro delas lhes garante 150.000 euros em financiamento.
Em vez de só fazer obras volumosas, a Câmara podia muito bem ir fazendo antes manutenção regular aos passeios e evitava agora estes estragos todos de uma vez", afirma.
Para avaliar as alternativas, o grupo deixou na câmara uma lista de 19 perguntas às quais aguarda resposta municipal, entre as quais se incluem, por exemplo,
“Quantas pessoas circulam de bicicleta em Espinho?",
"Porque não fizeram a ciclovia noutras artérias da cidade, deixando as principais com os passeios livres para os peões?", "Porque culpam as árvores pela manutenção que não fizeram nas canalizações [da rede pública de água]?"
e "Qual o destino que vão dar a calçada portuguesa e aos bancos que vão arrancar da Rua 19?".
FONTE Lusa/Fim
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