quinta-feira, 18 de agosto de 2022

Ponte Maria Pia pode vir a ser pedonal e ciclável




IP vai analisar com Gaia e Porto como criar via pedonal e ciclável na Ponte Maria Pia



 A Infraestruturas de Portugal (IP) revelou hoje à Lusa ter previsto analisar com os municípios de Vila Nova de Gaia e do Porto a utilização futura da Ponte Maria Pia, sobre o Douro, como via pedonal e ciclável.


Em resposta a um conjunto de perguntas sobre a situação da antiga ponte ferroviária Maria Pia, a sua manutenção e projetos futuros para aquela estrutura, a IP deu conta do seu envolvimento no projeto de recuperação do Ramal da Alfândega que a autarquia liderada por Rui Moreira projetou.

“Relativamente a projetos futuros, informa-se que está em vigor um contrato de subconcessão celebrado com o Município do Porto para adaptação e utilização da plataforma do Ramal da Alfandega, entre os quilómetros 0,491 e 3,359, para fins dos modos suaves de mobilidade, turísticos e/ou lazer, estando prevista na sequência desse projeto a análise conjunta pela IP e pelos Municípios de Gaia e do Porto da utilização futura da Ponte Maria Pia como via pedonal e ciclável”, lê-se na resposta.

Há cerca de um ano, a Câmara do Porto apresentou duas soluções para a reativação do Ramal da Alfândega, tendo o presidente, Rui Moreira, mostrado abertura a uma solução definitiva que concilie transporte público e lazer, através da definição de horários de utilização.

Esses projetos preveem, num dos casos, o transporte elétrico da Alfândega do Porto até Campanhã, através do ramal desativado em 1989, bem como a utilização da ponte como via ciclável, inserida numa área de lazer que incluirá a criação de um parque urbano sobranceiro ao rio Douro.

A 28 de abril, a autarquia adiantou aguardar apenas pelo visto do Tribunal de Contas, que pedira esclarecimentos sobre o contrato, para avançar com a empreitada de estabilização da escarpa adjacente ao Ramal da Alfândega.

A empreitada inclui a estabilização preventiva de três taludes rochosos, bem como a limpeza da vegetação, o saneamento dos blocos, a demolição das estruturas em ruínas, o recalcamento de reentrâncias, a reabilitação de muros, a colocação de degraus em falta, a estabilização das construções existentes e a colocação de redes metálicas de alta resistência.

Utilizado para transporte de mercadorias, o Ramal da Alfândega foi desativado em 1989.

Ainda sobre a antiga ponte ferroviária, a IP assegurou “que efetua um acompanhamento rigoroso ao estado de conservação da Ponte Dona Maria Pia” e que, apesar da mesma estar sem exploração há mais de 30 anos, (…) tem sido alvo de inspeções principais e de um conjunto de intervenções de manutenção, de forma a assegurar a integridade dos principais elementos que constituem a ponte, não se prevendo em consequência no curto médio prazo a execução de uma grande intervenção na Ponte Maria Pia”.



FONTE LUSA 











PSD questiona tutela sobre “abandono” da ponte D. Maria Pia entre Porto e Gaia



O PSD lamenta o “estado de abandono” da ponte D. Maria Pia, entre o Porto e Vila Nova de Gaia, e exige que o Governo revele o futuro desta infraestrutura, segundo um requerimento a que a Lusa teve acesso.

“A ponte D. Maria Pia está classificada como monumento nacional pela grande beleza arquitetónica e foi projetada por Gustave Eiffel. Há 31 anos que a ferrovia deixou de utilizar a ponte. A referida ponte está num deplorável estado de abandono e sem conhecer um plano concreto para a sua reconversão e utilização”, lê-se no texto assinado pelo deputado Firmino Pereira.

O social-democrata exige saber se a Infraestruturas de Portugal está a desenvolver algum projeto de recuperação.

“Se existe algum projeto em elaboração e quando se prevê a sua conclusão? Qual a utilidade que a infraestruturas de Portugal conceptualiza para a Ponte D. Maria Pia?”, são algumas das perguntas remetidas pelo PSD ao ministro das Infraestruturas e da Habitação, Pedro Nuno Santos.

Lembrando, no texto, que “foram feitos muitos estudos pelas Câmaras Municipais do Porto e de Vila Nova de Gaia”, Firmino Pereira refere que “até hoje, nada de concreto se concretizou” e pede à tutela que revele se a Infraestruturas de Portugal “pondera fazer obras de reconversão na ponte D. Maria Pia”.

“Em 2017 a Infraestruturas de Portugal anunciou ter estudado a utilização da ponte para a instalação de um circuito pedonal e ciclovia. A ponte D. Maria Pia está abandonada e considero inqualificável não existir vontade por parte do Estado em colocar esta obra emblemática, do ponto de vista da engenharia, ao serviço das pessoas e como polo de atratividade turística”, defende o deputado do PSD.

Firmino Pereira sublinha que “a ponte D. Maria Pia merece ter um futuro em termos de utilização, que não se compadece com a indefinição e desprezo da entidade gestora da ponte” e que passaram mais de três décadas após o encerramento desta travessia.

“A ponte D. Maria Pia como monumento nacional está há demasiado tempo para ter um presente e um futuro de utilidade e considero imperiosa e prioritária a sua recuperação”, conclui.

Em causa está uma ponte onde passaram os comboios sobre o Douro durante 114 anos que está sem qualquer utilidade funcional desde 1991, altura em que entrou em funcionamento a nova ponte ferroviária de São João.

Inaugurada em 1877 pela rainha que lhe deu o nome, a ponte Maria Pia é considerada a primeira grande obra de Gustavo Eiffel, tendo obtido um prémio internacional de engenharia.

Com 1.600 toneladas de ferro, foi laboratório de soluções técnicas inovadoras para a época, como a conceção de um tabuleiro de 54 metros sobre um arco único de 160 metros de corda.

Na sua construção, ao longo de ano e meio, estiveram envolvidas cerca de 150 pessoas.

Só há duas pontes iguais, uma em França e outra na Alemanha, ambas construídas posteriormente à estrutura que liga as duas margens do Douro.

Depois de desativada, vários destinos foram apontados à Ponte Maria Pia, para além do seu desmantelamento, sem nenhum ter chegado a avançar.

Em 2004 foi mesmo assinado um protocolo com as Câmaras do Porto e Gaia para a transformação da antiga ponte ferroviária em ciclovia, o que representaria um investimento de 1,5 milhões de euros, ainda sem ser cumprido.

Em 2007 a Refer assinalou os 130 anos da Ponte Maria Pia com o anúncio de um investimento de dois milhões de euros na pintura da estrutura.

Três anos depois, em 2010, uma empresa de atividades ao ar livre tentou, em vão, obter autorização para realizar saltos de bungee jumping daquela ponte sobre o Douro.

Já em 2013, e no âmbito do Concurso Internacional de Ideias Norte 41, dois arquitetos propuseram a relocalização da Ponte Maria Pia no interior do quarteirão da Companhia Aurifícia.


Fonte Lusa 



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