Guerra nas estradas

Guerra nas estradas
O Blogue nasceu através de uma das séries da Guerra nas Estradas na TV canal AMC Break O Blogue Guerra nas Estradas conta histórias passa-se nas nossas estradas e nas ruas. Peões, ciclistas e condutores não respeitam as regras do código de estrada. As imagens de vídeos valem mais que mil palavras.

Direito autoral ou direito de autor

Direito autoral ou direito de autor
AVISO

domingo, 26 de fevereiro de 2023

Uma casa vazia é uma casa devoluta e as casa atribuídas "dos vistos Gold "?







Casas vazias e casas devolutas



Aumentar a oferta de casas para arrendar no país é um dos objetivos inscritos no programa “Mais Habitação” apresentado pelo Governo. 


Para isso, o Executivo de António Costa quer impor o arrendamento obrigatório de casas devolutas – na prática, os proprietários destes imóveis podem ter de ser obrigados a arrendar a casa ao Estado, que depois a vai subarrendar a um preço de renda acessível


Arrendamento obrigatório de casas devolutas


No documento “Mais Habitação”, em consulta pública até 10 de março, o Governo diz que “o Estado pode mobilizar património devoluto, por razões de interesse público, através do arrendamento por entidades públicas, com o respetivo pagamento de renda ao senhorio”.


A que casas não se aplica o arrendamento coercivo?

casas de férias;

casas de emigrantes ou de pessoas deslocadas por razoes de saúde e razões profissionais ou formativas;

casas cujos proprietários estão num equipamento social como um lar ou estão a prestar cuidados permanentes como cuidadores informais.













 "Dos Vistos Gold aos Paraísos Fiscais" por José Luís Ferreira



O Governo anunciou recentemente o fim dos vistos gold, uma decisão que, antes de mais, peca por tardia. Recorde-se que, em 2021, Os Verdes apresentaram na AR uma iniciativa legislativa exatamente com o propósito de acabar com os vistos gold, mas o PS juntou-se à direita para “chumbar” o Projeto de Lei de Os Verdes e impedir o fim destes vistos.


Na verdade, o mecanismo dos vistos gold veio mostrar ser um falhanço na criação de emprego.


Segundo os dados, no total, desde 2012 até 2021, foram concedidos 9 340 vistos gold, associados a investimentos de 5 611 milhões de euros. 

Destes valores, 8 782 vistos e 5 071 milhões estão relacionados com o imobiliário, seguindo-se depois a transferência de capitais, com 541 vistos gold e 5 398 milhões de euros. 

Até essa altura, foram atribuídos apenas 17 vistos gold pela criação de dez postos de trabalho, e três pela transferência de 350 mil euros ligados à criação ou reforço de capital de uma empresa, e criação ou manutenção de cinco postos de trabalho, regidtando-se duas categorias que nunca conseguiram atrair um único investidor: a que requeria a aplicação mínima de 250 mil euros na produção artística e a que implicava* o investimento mínimo de 350 mil euros em investigação científica.

Ora, os números agora divulgados pelo SEF deixam claro aquilo que Os Verdes há muito têm vindo a denunciar relativamente à associação deste mecanismo com o branqueamento de capitais.

 Segundo esses dados, por exemplo e no que diz respeito aos familiares que se reuniram aos titulares de visto gold, desde 2018 - altura em que a UE deu inico à publicação da lista de países “não cooperantes” no que diz respeito à transparência fiscal - o Governo concedeu autorização de residência a cerca de mil e quinhentos familiares oriundos de países que integravam essas listas da UE, sendo que mais de uma centena de autorizações são relativos a familiares originários de países que constam da “lista vermelha”.

Já há muito, portanto, que se impunha acabar com os vistos gold no país, e não era apenas pelos muitos e graves riscos do ponto de vista dos crimes que esse mecanismo pode potenciar, mas também porque os vistos gold acabam por reduzir os direitos humanos a uma mera mercadoria que se compra e que se vende.

Destaque-se também que a instituição de um regime de autorização de residência assente em atividades de investimento em projetos ecológicos (vistos green), como chegou a ser proposto pelo PAN e aprovado na generalidade, com os votos da direita e do PS, em janeiro de 2019, manteria princípios similares aos vistos gold e seria, desse modo, grave e contrária aos interesses nacionais.

Aliás, essa medida previa alargar o regime dos vistos gold a vistos green e Os Verdes consideram que Portugal deve reforçar o seu papel na captação de investimento ecológico, para a economia circular e descarbonizada, mais amiga do ambiente, mas sem recorrer a estes mecanismos que de verde e sustentável têm muito pouco.

A nosso ver, o branqueamento de capitais, o peculato, a corrupção ou os outros ilícitos fiscais e mesmo criminais que, normalmente, estão associados a este tipo de vistos não são menos graves nem deixam de ser crimes apenas porque o investimento que dá suporte ao visto tem uma cobertura ambiental.

Em qualquer dos casos, independentemente da cor dos vistos, estaremos sempre a falar de crimes, e de crimes que se impõe combater com toda a firmeza e com toda a responsabilidade democrática, não abrindo mais portas que potenciem a sua prática.

Para além disso, o regime de atribuição de vistos gold é uma forma encapotada de criar uma discriminação absolutamente condenável e inadmissível, de estabelecer cidadãos de primeira, os que têm dinheiro, e cidadãos de segunda os que, não tendo dinheiro, ficam sujeitos a um verdadeiro martírio para conseguir a respetiva autorização de residência, o que é uma afronta a um Estado de direito democrático e, sobretudo, um  monumental atentado aos direitos humanos.

Por isso, Os Verdes consideram que a eliminação dos vistos gold, apesar de tardia, é ainda assim um passo positivo e necessário, sendo um contributo essencial para pôr fim a um mecanismo que favorece a criminalidade económica, para pôr fim a uma das principais causas da especulação imobiliária e para acabar com um privilégio que favorece apenas alguns.

Vamos esperar que esta decisão consiga trazer coragem ao Governo para se envolver a sério no fim dos paraísos fiscais, uma das formas mais comuns de evasão fiscal, estimando-se que haja uma concentração de 26% da riqueza mundial nos paraísos fiscais, e que já há muito se percebeu para que servem e quem servem.

 Servem para fugir ao pagamento de impostos e servem as grandes fortunas. 

Para além disso as atividades que engordam os paraísos fiscais estão muitas vezes ligadas a negócios pouco claros, à economia clandestina, à evasão e fraude fiscais, ao crime organizado, à lavagem de dinheiro e, até, a práticas que fragilizam a estabilidade mundial, como o negócio da droga e do armamento.

Também por isso, Os Verdes, consideram inaceitável que continuem a existir zonas absolutamente intocáveis, onde a supervisão financeira não entra, a cooperação judicial fica à porta e os próprios Estados preferem fingir que não estamos perante um problema que urge resolver.

Ora, um Estado não deve pactuar com esta economia de casino, perpetuando um sistema onde a generalidade dos cidadãos vive num verdadeiro inferno fiscal, e outros, uns poucos, vivem em paraísos fiscais, gozando do privilégio de pouco ou nada pagarem em impostos pelos seus avultados rendimentos.

Com este passo que o Governo demorou a dar em matéria de vistos gold, espera-se agora que se envolva ativamente para colocar um fim nos paraísos fiscais.


Fica o desafio dos Verdes / José Luís Ferreira



Sem comentários: