sábado, 15 de setembro de 2007

Rebaixamento da via-férrea em Espinho avança no Outono


Rebaixamento da via-férrea em Espinho avança no Outono


Aquela que já é conhecida como a "obra do século" vai brevemente arrancar em Espinho.



O concurso público para a empreitada de rebaixamento da linha férrea que atravessa o centro da cidade acabou de ser lançado, e ontem, na presença do presidente da câmara, José Mota, e do secretário de Estado dos Transportes, Rui Cunha, realizou-se no Centro Multimeios a cerimónia destinada a anunciar aquele pontapé de saída.

José Mota não escondeu o seu regozijo ao ver aproximar-se a concretização daquele que é um sonho antigo da população, confrontada com a divisão provocada pela linha do comboio em pleno miolo urbano.

 "Este é um acto de rara importância para o país e constitui mais um passo para a requalificação urbana de Espinho", proclamou o autarca.

É que, no lugar ocupado desde há mais de um século pela linha férrea, nascerá uma zona verde vocacionada para o lazer e a fruição cultural.

Este novo jardim cobrirá pelo menos parte do percurso subterrâneo do comboio que se estenderá por cerca de um quilómetro.

Para quem vier de sul para norte, o túnel terá início pouco antes do estádio do Sporting de Espinho e terminará junto à Rua 13.

 Em ambas as extremidades do túnel haverá rampas com 500 metros de comprimento.

Deste modo, a travessia da cidade em comboio assemelhar-se-á a uma pequena viagem de metropolitano, com a plataforma de entrada e largada de passageiros a ficar situada no subsolo.

O edifício da estação, esse, manter-se-á à superfície, entre as ruas 25 e 27, ligeiramente a sul da localização actual.

 "Este é o nosso metro".

"Este é o Polis que não tivemos, o nosso metro, e por isso temos direito a este investimento", referiu José Mota aos jornalistas.

A empreitada, que, faltando ainda os trâmites do concurso, deverá ter início apenas no próximo Outono, está orçada em 9,8 milhões de contos, tendo o secretário de Estado Rui Cunha assumido ontem o compromisso de evitar qualquer deslize financeiro; mais tarde, porém, o presidente da Refer, Cardoso dos Reis, viria a admitir serem as obras no subsolo "de risco", devido às frequentes vicissitudes que comportam.

Seja como for, o investimento será também custeado pela autarquia, em grande parte no que se refere aos arranjos à superfície.

Tendo Mota assumido há dois anos uma verba entre quatro e cinco milhões de contos, desta vez preferiu não concretizar:

"Não sei quanto é que a câmara vai gastar nem estou preocupado com isso. 

O que eu quero é que a obra se faça!".

 "É fácil reivindicar rebaixamentos", referiu José Mota, numa alusão a pretensões semelhantes de outras localidades servidas pelo comboio (Trofa, por exemplo); "mais difícil é assumir que se paga uma parte", acrescentou.

O rebaixamento da linha só ficará concluído em 2004. 

"Temos pela frente três anos dolorosos", previu o presidente da câmara.

Descontando os incómodos normais causados por uma obra de grande envergadura, Cardoso dos Reis espera, todavia, que a empreitada não ocasione especiais transtornos ao normal tráfego ferroviário, a não ser em ocasiões pontuais; o decurso da obra será acompanhado por um técnico da Refer especialmente destacado para o efeito.

Estas dores de cabeça não desanimam Mota que, em plena cerimónia, se virou para o pároco, dizendo:

"Não é possível chegar ao Céu sem passar pelo Purgatório, não é verdade, padre Manuel?

 Mas vamos para lá com a alma limpinha e depois não voltamos a sair".

Na mesma linha se pronunciou Rui Cunha, que salientou a eliminação do impacte ambiental negativo de um comboio a atravessar uma cidade à superfície, com todo o seu cortejo de "incomodidades, ruído e perturbação".

Na opinião de José Mota, o rebaixamento da linha é apenas um dos investimentos destinados a conferir a Espinho uma qualidade de vida "compatível com a cidade que queremos ter".

Assim, está na forja a aplicação de um novo ordenamento de trânsito, através da criação de mais lugares de estacionamento e da aposta nas zonas para peões.

Para o autarca espinhense, "as pessoas têm direito a não respirar o cheiro dos tubos de escape nem a tropeçar num automóvel em qualquer canto".


ARQUIVO  GAZETA DE ESPINHO 





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