terça-feira, 8 de setembro de 2020

SC Espinho pode perder 100 atletas devido a piscina fechada desde Março


SC Espinho pode perder 100 atletas devido a piscina fechada desde Março


O Sporting Clube de Espinho está em risco de perder 100 atletas de diferentes escalões de natação porque a piscina municipal está fechada desde Março, revelou hoje a instituição, atribuindo o encerramento a deficiências sanitárias relativas à pandemia.

O responsável pela modalidade nesse clube do distrito de Aveiro disse à Lusa que a piscina de Espinho "não consegue cumprir o plano de contingência" imposto pela Direção-Geral da Saúde (DGS) e que a alternativa é treinar no tanque olímpico do Colégio de Santa Maria de Lamas, a 10 quilómetros de distância, no concelho vizinho de Santa Maria da Feira.

"O problema é que nem todos os pais podem arcar com a despesa e o transtorno da mudança.

Já perdemos 30 atletas desde março e até ao fim desta semana vamos saber quantos mais vão desistir, porque a piscina do Colégio é tão requisitada que só conseguimos ter vaga para treinar das 20:30 às 22:00, o que é muito tarde para os miúdos que têm escola de manhã cedo", explica Paulo Freitas.

Além disso, o Colégio de Lamas não permite a entrada de acompanhantes no recinto aquático, pelo que a situação "obriga os pais a ficarem pelo menos hora e meia no carro à espera dos filhos, porque ninguém vai andar a conduzir para trás e para a frente quando a distância é tão grande".

Financeiramente, a indisponibilidade da Piscina Municipal de Espinho também é crítica.

Pelos treinos durante o mês de Julho e uma quinzena de Agosto o clube pagou ao Colégio de Lamas um total de 1.440 euros, financiados em parte pelos pais dos atletas.

Este mês, o clube já terá de pagar a expensas próprias três euros por cada treino de um atleta, sendo que "as aulas em Espinho ficavam a custo zero, devido a um protocolo de apoio com a autarquia".

Paulo Freitas diz que alguns pais estarão disponíveis para ajudar na despesa, mas, antecipando que não será o caso da maioria, equaciona já um cenário de longo prazo, dada a falta de indicações quanto a uma data para eventual retoma de atividade na piscina municipal.

"O clube vai pagando enquanto tiver dinheiro; quando acabar, terei eu que assumir a despesa, porque, quando assumimos estas responsabilidades, não pode ser só para as coisas boas", refere.

Das três piscinas de Espinho, nenhuma está em funcionamento.

O balneário de água aquecida para uso terapêutico mantém-se encerrado desde o início da pandemia e os tanques da Solário Atlântico, de água salgada ao ar livre, também não abriram para a época balnear.

 Na Piscina Municipal, por sua vez, o chumbo da DGS ao plano de contingência da autarquia prende-se com a ausência de sistemas de ventilação adequados para diminuir os riscos de contágio pelo vírus SARS-CoV-2.

"A piscina tem 38 anos, está velha e pouco investimento se fez nela neste tempo todo.

Nos balneários já precisávamos de ventilação há muito tempo, bem antes da covid-19, e na piscina também não há extração do ar em condições", refere Paulo Freitas.

Contactado pela Lusa, o vice-presidente da Câmara de Espinho diz que "a solução é uma piscina nova".

 Vicente Pinto não adianta datas para concretização da empreitada, mas afirma que a autarquia já concluiu o respetivo projeto de arquitetura e que a obra dependerá de uma disponibilidade financeira "que agora não existe, dado o volume de obras em curso no concelho", como é o caso da requalificação do canal ferroviário, a construção do novo quartel dos bombeiros e do estádio.

"A Piscina Municipal está no fim da sua vida útil e não é possível fazer nela as intervenções estruturais que se impõem atualmente ao nível de sistemas de aquecimento, mecanismos de ventilação, configuração dos tanques, etc.", refere o autarca social-democrata, garantindo que "o que está em causa não é o valor necessário para a obra e apenas a inviabilidade física da intervenção".

Embora acrescentando que a sua "prioridade neste momento é o arranque do ano letivo", Vicente Pinto recorda que em abri a Câmara já reforçou as verbas atribuídas ao SC Espinho e a outros clubes locais para os ajudar a fazerem face às mudanças impostas pela pandemia e mantém essa disponibilidade para o futuro:

 "Enquanto a Piscina se mantiver inviável, a autarquia continuará a ajustar esse apoio de acordo com as circunstâncias".

A pandemia de covid-19 já provocou mais de 889 mil mortos no mundo desde Dezembro do ano passado, incluindo 1.843 em Portugal.

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